quarta-feira, 29 de junho de 2016

VIVA A ROMARIA POPULAR


           É o Santo António, São Pedro e São João
           É a sua festa, é o seu belo dia
           A gente canta, canta de coração
          Viva Machico, viva a nossa romaria

Ontem e hoje “Je suis Saint Pierre”. É o que me ocorre dizer, enquanto me embalam o peito as canções com que se abriu a noite de hoje em Machico. Certamente que em todas as cidades e lugarejos o mesmo  possam dizer  todos quantos viram e, sobretudo, os que prepararam e desfilaram nos cortejos. Há-os, sumptuosos, vistosos, quase carnavalescos, com batidas musicais  de outras paragens. Há-os, também, os que primam pelo requinte, na mira de um prémio dado pelo júri da feira. Todos satisfazem, mexem, “pegam na vida”.
Mas a homenagem garrida, hoje dedicada aos homens do mar, na baía de Machico, teve outro sabor. Porque foi genuína, fresca e leve, divertida. À sua passagem não havia o habitual crítico espectador das marchas, mas em cada olhar em volta sentia-se-lhe o ritmo contagiante da soltura  alegre que irradiava dos participantes. Eram pais e filhos, eram avós e netos, eram irmãos e colegas de estrada os que circulavam nos arcos coloridos que traziam nos braços. O cortejo brilhou, não pelas lantejoulas fugazes, mas pelo sorriso, as vozes, a sintaxe directa e cúmplice entre quem ocupava as bermas ou o palco da rua: a letra, a música, a coreografia saltitante de inspiração popular!

De inspiração popular foram as partituras, com especial menção a da Banda Municipal de Machico,  do Centro Cívico-Cultural e Social da Ribeira Seca e das “Flores de Maio” do Porto da Cruz, diferenciando-se  esta última  por trazer música e instrumental ao vivo, sem qualquer recurso a tecnologia sonora. Lindo e enternecedor ver e ouvir vozes claras enchendo as ruas  até ao cais da cidade. A participação do Jardim de Infância, da “Universidade” Sénior e até  Casa do Povo de Santa Cruz, todas  entrelaçavam  emoções e corações. O percurso pedestre dos três Santos Populares, com o Santo António ao vivo, de Menino Jesus ao colo, o São João e o seu cordeirinho a passo certo, as barbas de um São Pedro de carne e osso, com a enorme chave do paraíso - foram outros tantos motivos de expectativa e franca confraternização, Muito acertada a opção dos promotores  por não terem atribuído qualquer discriminatória atribuição de prémios, Participar foi o prémio maior.
São Pedro é o padroeiro
É o arrais da beira-mar
Aos pescadores da nossa freguesia
Um grande viva aqui viemos dar

Uma chave de ouro com que a Junta de Freguesia de Machico  fecha o mês de Junho e abre, até domingo, as iniciativas lúdico-culturais  “Arte e Pesca” e “Do calhau se fez Arte”, integradas no Dia Oficial da Freguesia, 2 de Julho, a data da Descoberta ou Achamento da Ilha!
Pela simplicidade sem peias, as minhas congratulações.


29.Jun.16

Martins Júnior

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