segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

A IRONIA QUE EDUCA E DIVERTE


Três dias do carnaval não são os mais convidativos a leituras profusas e confusas. Às difusas, talvez, aquelas que saltitam diante dos nossos olhos,  mirones do quotidiano. Nesta leitura difusa posicionam-se, de imediato, as piruetas dos cortejos que percorrem as ruas de cidades e aldeias, num enorme leque representativo das variegadas tipologias humanas, estratos sociais, pitorescas e matreiras manobras que disfarçamos no dia-a-dia e, no carnaval, soltam-se cá para fora, mas sempre disfarçadas pelo colorido das máscaras. São dignas de apreço todas as encenações carnavalescas, muito especialmente as que fogem aos estafados estereótipos de outras paragens  e  nascem da imaginação criadora de cada agregado populacional, nisto distinguindo-se a sua originalidade e o alto senso crítico da sua ironia. Eça de  Queirós já o detectara quando escreveu que “sete gargalhadas e meia em volta de uma cidade deitam ao chão  as muralhas que a guardam”. Aproveito este apontamento breve para agradecer aos muitos que, via net, mensagens particulares e presenciais, expressaram o seu elogio à “TRUPE ANTI-TRUMP”, do Centro Cívico-Cultural e Social da Ribeira Seca, sobretudo pela consonância do seu com o nosso pensamento satírico, envolvendo neste passo todos os Trump’s ditadores, os de longe e os de perto. 

Transcrevo, por todos, o simpático escrito  de
Duarte Filipe Andrade Gomes “Estive ontem a ver o cortejo de carnaval em Machico, juntamente com uns familiares. Tinha o meu cunhado a participar na Troupe os Cariocas e lá fomos ver a sua performance na percussão!
Confesso que fiquei surpreendido com a participação da Ribeira Seca. Original na apresentação e na música e letra, com uns fatos a condizer com o tema que escolheram, num claro desafio à política seguida nos Estados Unidos de Trump. Gostei pelo facto de provarem que se pode participar num cortejo de carnaval sem "abrasileirar" a coisa, pois do gostinho do Brasil já tínhamos outras troupes. Confesso que às vezes cansa estar a ver mais do mesmo. Além disso, no carnaval tradicional, há sempre espaço para a crítica política e social, concorde-se ou não com ela.
Trouxe ainda uma característica própria do povo da Ribeira Seca, que já nos habituou ao seu carácter reivindicativo e de povo atento ao que se passa  à sua volta, na nossa terra e no mundo globalizado em que vivemos.
Parabéns pela vossa participação.

Apesar das alegrias do Entrudo,  a comunidade da Ribeira Seca não esquece o inditoso  “27 de Fevereiro de 1985”. Mas a firmeza do Povo venceu os ditadores.

27.Fev.17
Martins Júnior

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