segunda-feira, 23 de abril de 2018

S.O.S. AEROPORTO! A ILHA EM ESTADO DE SÍTIO


                                                    
Impossível ficar indiferente. Quem vai ao aeroporto já deixou de perguntar ao placard informativo quantos aviões terão ficado em terra. São tantos e tão repetidos que o mais acertado será perguntar quantos descolaram ou vão descolar. Serão mais fácil contar os aparelhos operacionais que os faltosos.
Se o caso se resumisse apenas aos equipamentos técnicos, tudo compor-se-ia, a nível operacional. O mais grave, insuportável mesmo, é o cenário degradante que ali se vê. Mais parece um hospital de campanha: o chão coalhado de ‘vítimas’, uns a escorrer pelos degraus das escadas, gente aos punhados até nos acessos às casas de banho. Povo dentro, povo fora da aerogare, malas espalhadas por quanto é canto. E sobretudo o semblante das pessoas. Pode a comunicação social ‘dourar a pílula’  em termos publicitários, mas não é preciso curvar-se para ouvir, de nacionais e estrangeiros, os mais díspares comentários, uns aparentemente conformados, mas outros, muitos, angustiados, desesperados. “Não volto mais à Madeira”.
Tudo por causa do grevista-mór, implacável, inelutável: o vento. Por mais refinada que esteja a tecnologia, caímos sempre na mesma sentença: O homem põe, mas o tempo é que dispõe.
Serve este meu desabafo, colhido por experiência directa, para manifestar a minha preocupação por tudo quanto se passa aqui, às portas da nossa casa, Machico. Idêntica indignação perpassa pelos governantes, suponho. E contra o tempo meteorológico nada (ou quase nada) há a fazer. Mas o que ninguém ousará negar é o problema – já não é mera coincidência – é mesmo problema  o que agora começa a desenhar-se, a nível regional, local e internacional.
A tornar-se viral estes fenómenos (e parece que os tempos mais recentes estão a  comprová-lo) não será despropositado atirar para a tômbola das soluções a hipótese de uma outra pista de transfert na ilha. O Porto Santo já não resolve. Nem o ‘Lobo Marinho’. Regressam agora, pela mão de terceiros, as velhas opções do histórico  hidroavião da velha ‘Áquila Airways’ que enchiam os olhos da minha infância. Seja como for, a Madeira e os seus governantes estão forçosamente confrontados com mais um magno problema. Já não é só o ferry, já não é o hospital ou o subsídio de mobilidade. É a morte da “galinha dos ovos de ouro”, o turismo, a nossa maior indústria exportadora. Sem querer imiscuir-me em áreas tecnicamente tão sofisticadas, cada vez mais chego à conclusão de que as soluções, por vezes aparentes fogos-fátuos de crânios ditos brilhantes, apresentam-se fenomenais, milagrosas, em determinada fracção da história, mas mais tarde é que lhes descortinamos o vazio, o logro, o embuste populista. E a Madeira é pródiga nessa semeadura.
O amanhã já começou. E as novas gerações esperam soluções bem fundamentadas e seguras. Está em causa a Madeira – para lá dos 600 anos!
E enquanto vivo sou, poupem-me os ventos aos já habituais cenários degradantes do nosso aeroporto.

23.Abr.18
Martins Júnior

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