sábado, 25 de agosto de 2018

“BABOSAS” DO MONTE EM DEBATE: SIM OU NÃO ?


                                                      

Mais uma vez o debate. É dele que se faz a luz e dele é que nasce o dia. Debater é viver.  Porque ele vem do alto. Da montanha ou  da cidade.
E hoje ele aí está em Carta Aberta. Das muitas encruzilhadas que trazia comigo para debate em fim de semana, abandonei-as todas quando me caiu nas mãos essa eloquente Carta Aberta aos governantes ilhéus. Ela vem dos altos da cidade, do extenso “São Roque” e traz a marca do arauto mais corajoso desta ilha, Padre José Luís Rodrigues.
Leiam-na - com a mesma frontalidade com que foi escrita. Está aberto o debate. É a Capelas das Babosas, no Monte, sob o título de Capela da Senhora da Conceição. Reconstruí-la… ou não? Para cúmulo, reconstruí-la com o dinheiro do governo, que é dinheiro do povo?...
Também quero entrar na mesa, mas prefiro saborear a clareza e a segurança do texto referido. Ao mesmo tempo, ressoam-me aos ouvidos fervorosas sentenças  difundidas na rua, nos templos, nas reportagens tais como esta: “O Monte nunca mais terá sossego enquanto a imagem da Senhora não voltar para a sua Capela nas Babosas”!
Enquanto fico à escuta de mais interpretações neste debate, limitar-me-ei a reproduzir o diálogo em  que fui interveniente com o bispo Duarte Calheiros, em sua humilde casa de Volta Redonda, na periferia da grande cidade do Rio de Janeiro, no ano de 1972. Do século passado.
O bispo acabara de chegar no seu Volkswagen oval, conduzido pelo próprio. E foi esta a minha pergunta:
- Senhor Bispo, andei toda a manhã pelas ruas da  cidade e não vi a Sé da sua diocese. Onde fica, porque quero visitá-la.
O bispo, um robusto homem dos seus 60 anos de idade, sorriu, pegou-me pelo braço. Levou-me à varanda que dava sobre a cidade. E, sem mais delongas, atira-me com esta capciosa provocação:
- Padre português, você vê acolá aquele pavilhão de zinco cinzento?... É uma grande oficina, onde laboram três dezenas de metalúrgicos? … Essa é a minha Sé. A sede da diocese. E mais à esquerda, você repara naquela fábrica. Para ela trabalham mais de 100 operários. Essa também é a minha catedral. E mais lá ao fundo, quantas vê você, padre jovem português?... Todas esses telheiros são os altares da minha diocese. Entendeu agora onde fica a minha Sé Catedral?!
Entendi. E de tal forma que jamais esqueci. O templo, a igreja, o altar estão onde estão as pessoas. Na vida real, no trabalho, na luta, na acção.
Por hoje, aqui me quedo. Está aberto o debate. Saia Luz!

25.Ago.18
Martins Júnior

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