sexta-feira, 7 de setembro de 2018

O POVO – PROTAGONISTA DA SUA FESTA




Quais os chapéus, tais as festas. Há muitas e para todos os paladares. E, mesmo que o não sejam os chapéus, são elas que definem os sabores, as preferências, a cultura, enfim, a idiossincrasia de um povo. Por isso, são tão diversificados os cardápios e as cartilhas por onde cada sociedade molda os programas das suas festas. Há-as ruidosas, em que o estalo é rei desde a sola do chão até aos cabelos das nuvens. Há-as sofisticadas, supostamente refinadas, rivalizando no timbre e na performance dos artistas importados. Passo em claro aquelas em que o álcool a rodos marca o GPS a caminho das urgências.
No entanto, para mim há uma linha vermelha que, como a linha do equador,  define os dois hemisférios distintivos de uma festa: de um lado, aquela em que o Povo ocupa a centralidade do evento e uma outra, aquela  em que o suposto Autor e Pagante da festa é relegado para a periferia, limitando-se ao papel de mero espectador, agente passivo de todo o cenário.
Precisamente no cerne desta opção – estar no dentro ou ficar de fora – é que reside a tal cultura de uma comunidade. Para quem tem acompanhado ciclicamente este Senso&Consenso, deve ter verificado a predilecção que nutro por esta temática. Porque pretender preencher literalmente a festa com produtos aleatórios, por mais exaltantes que se apresentem, pode significar um vazio indisfarçado, estrutural, por parte de determinado núcleo populacional, sobretudo nas zonas marcadas pela ruralidade. Em contraponto, as comunidades que fazem da sua festa uma oportunidade soberana para afirmar “Eu estou, nós estamos no coração da festa” – por mais singelo e ingénuo que seja o respectivo programa – isso demonstra o alto grau de autenticidade de um Povo, a sua capacidade autonómica e, sobretudo, a afirmação da sua centralidade na construção cívica e solidária do lugar que habitam.
Falo assim porque estamos no portal da nossa festa. Inspirada embora num motivo religioso – a Festa da Senhora do Amparo – ela surge como um convite à participação popular em diversos quadrantes, nomeadamente na vertente histórica. Sem prejuízo da presença dos artistas já convidados, amanhã e depois serão os habitantes/construtores da Ribeira Seca os verdadeiros protagonistas, legitimamente ocupantes do seu palco. Em figurino de um musical adaptado ao momento, desfilarão os episódios mais determinativos da história das suas gentes. Letras, músicas, coreografias e luminotécnica serão um livro aberto para quem assistir ao espectáculo e quiser informar-se sobre o passado de um “Povo que trabalha e faz o mundo novo”.
Até na própria Eucaristia Solene de Domingo próximo, será dada a vez  a dois cristãos leigos, um homem e mulher, que comentarão os textos bíblicos do dia, Porque, dentro e fora do templo, a festa é do Povo, pelo Povo e para o Povo. É preciso que os cristãos não sejam apenas consumidores, mas também produtores da Palavra.
Ao menos numa ´Pousada´da Paz, em 8 e 9 de Setembro, a Festa da Mãe será também a Festa dos Filhos. E, de novo, será Protagonista  da Festa o Povo da Ribeira Seca.
09.Ago.18
Martins Júnior       

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