sexta-feira, 5 de outubro de 2018

CHEGOU, VIU E VENCEU … E PARA SEMPRE FICOU!


                                                             

Como um veleiro migrante que volta ao porto de onde saiu, assim foi a chegada desse tesouro histórico a Machico, nesta noite de 5 de Outubro de 2018. Foi a festa da saudade e do reencontro de Machico consigo mesmo e com as suas gentes. O precioso documentário “COLONIA E VILÕES”, concebido e realizado entre 1976 e 1977, voltou à casa paterna, como um filho pródigo que, durante 40 anos,  fora proibido de revisitar o seu torrão natal.
E aconteceu o imprevisto: a sala de cinema foi-se enchendo, a mais não poder, o que motivou a mudança do local para a sala magna do Forum, onde acabou por realizar-se a projecção da película. Foi a prova inicial sucesso de quem chegou, viu e venceu.
Quem trouxe a grande nova e quem capitaneou a viagem foram os seus próprios progenitores: o realizador Leonel de Brito e o chefe de fotografia Elso Roque, cujo trabalho mereceu a atenção e o apoio da Cinemateca Nacional, da Academia Portuguesa do Cinema e da Universidade da Madeira, Para quem conheceu essa valorosa e generosa equipa de técnicos do foto-cine, o regozijo foi amplamente avolumado e  a que se juntou aquele sabor agridoce de ver salpicados de rugas e cabelos brancos os jovens que há quatro décadas explodiam de entrega, dinamismo e imediata generosidade.
Ao longo dos 60 minutos que durou a exibição, foi notório o interesse de todo o auditório, sobretudo o dos familiares  que perpassavam na tela, como que a confirmar a autenticidade telúrica e psicológica dos (entretanto falecidos) intervenientes  nos sucessivos planos    do filme. Precisamente, um dos qualificativos mais originais e persuasivos de toda a montagem consiste nesse carácter fidedigno, pois que não se trata de ficção de cenários e actores, mas de testemunhos vivos, colhidos na hora.
A tertúlia informal que se seguiu, moderada pela historiadora Cristina Trindade, permitiu ouvir, em directo, da boca dos ‘progenitores’,  as motivações, as vicissitudes e as peripécias inerentes a uma obra desta envergadura, tendo em linha de conta não só o, por vezes, arriscado esforço da gravação ao vivo, mas intensamente o de pesquisa de documentos e registos fotográficos dispersos por aquivos e bibliotecas. Duas notas mais impressivas ficaram-lhes marcadas  no subconsciente: uma foi o papel de liderança das mulheres rurais, a sua criatividade e a sua persistência; a outra, a exploração do trabalho infantil, sob as mais diversas formas.
Unânime entre todos os presentes foi a convicção de que o produto final. formalmente designado por  documentário, ultrapassa-se a si mesmo. “COLONIA E VILÕES” é mais, muito mais que um documentário. Constitui, sem sombra de dúvida, uma enciclopédia – a única e mais completa na área do cinema – sobre a historiografia da Madeira, a partir dos seus mais remotos primórdios. Pode afirmar-se seguramente que doravante não será possível discorrer correctamente sobre o itinerário sócio-económico e cultural da ilha  sem consultar  “COLONIA E VILÕES”.
Regista-se a prévia divulgação do evento, por parte da RDP/M, na pessoa da experiente jornalista Marta Cília”, bem como do prestimoso jornal digital Funchal/Notícias”. Á Câmara Municipal de Machico, que integrou a iniciativa nas comemorações da Semana do Concelho e dos 600 anos do Achamento da Ilha, a população agradece.
Pelo exposto, do monumento histórico “COLONIA E VILÕES”  deve dizer-se, desde agora,  que ele  Chegou, Viu e Venceu. E porque já está lançado em DVD, ele ficará sempre connosco. Para que o mundo não esqueça. E Machico guarde-o sempre à sua mesa de cabeceira.

O5.Out.18
Martins Júnior
     

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