terça-feira, 11 de dezembro de 2018

APROVADO E ASSINADO - NÃO EM PALÁCIOS DE PARIS, MAS NA CHOÇA DE BELÉM


                                                                 

           Tal como na ordem biológica, em que cada rebento deita flor e fruto na estação previamente designada, assim também há ideias e projectos que parecem predestinados à plena maturação em determinados solos da história. Vejo-o, toco-o e assimilo-o na Declaração Universal dos Direitos Humanos, acontecimento memorável comemorado ontem, a propósito do seu 70º aniversário. Feito e assinado no Palais de Chaillot em Paris!
         Dezembro 10 – portal de entrada para o mais retumbante areópago da história, quer se chame, palácio, parlamento, átrio dos gentios ou assembleia das nações! Todos estes nomes reduzem-se à dimensão de uma choça - a de Belém. Foi aí, na rusticidade mais estrénua de um estábulo que se fez carne, testemunho e vida aquilo que, vinte séculos depois, ficou estatuído e consagrado como “Declaração Universal dos Direitos Humanos”. Não foi preciso Código jurídico-constitucional nem vieram sofisticados juristas nem se ouviram doutas alegações finais. No corpo daquela criança e na mudez do seu silêncio estava  todo o grito da Mãe-Natura clamando Justiça distributiva, Igualdade de direitos e dignidade, sem distinção de cor, religião, fortuna ou nacionalidade.
         Provam-no os pergaminhos de outrora, o enxoval imaterial que lhe fora preparado. Dirijo-me, pois, à caixa postal de todos quantos aceitarem esta mensagem e convido-os a interiorizar os anúncios e prognósticos que, desde séculos e milénios, previram o nascituro de Belém, nomeadamente Baruc, Isaías e Daniel, os profetas do Velho Testamento, precursores da Grande Nova. Basta acompanhar os textos programáticos destes domingos premonitórios (por isso, chamados de Advento) para lermos a redacção perfeita de todo o articulado da Declaração Universal. “Com Ele (esse Menino) os altos montes serão abatidos e os vales abissais serão preenchidos, para que toda a terra se torne plana e transitável… Os caminhos tortuosos serão corrigidos… Os vossos habitantes que foram levados prisioneiros como escravos dos inimigos vencedores regressarão à sua pátria como filhos de reis. Os homens quebrarão as espadas de guerra e delas farão foices e relhas de arado para arrotear a terra e fazê-la produzir cem por um…E não haverá mais fome e não haverá mais guerra”.
         Feliz coincidência entre a Declaração Universal, em Dezembro abrindo, e a eloquência de Belém, em Dezembro findo! A beleza das metáforas bíblicas, aliada à força profética das ideias, faz deste outono-inverno a esperança portadora daquela primavera igualitária, a única que restituirá ao mundo a felicidade perdida ou denegada.
Corações ao alto e mãos à obra!

11.Dez.18
Martins Júnior
           


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