segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

O PRIMEIRO PRESÉPIO QUINHENTISTA


                                                          

           Alvíssaras, louvores e prebendas a quem nos abrisse a cancela para chegar ao primeiro presépio que a Madeira conheceu no alvor da Descoberta!
Ninguém poderá trazê-la, a “lapinha” de Belém, reproduzida nos anais do Achamento. Permitido ser-nos-á, talvez, conjecturar que os frades franciscanos que acompanharam as caravelas henriquinas teriam transladado para o chão da ilha os figurinos com que o seu Fundador e Patrono, Francisco de Assis, na cidade italiana de Greccio (1223) ousou representar, pela primeira vez no mundo,  a ruralidade bucólica da Natividade.
Mas à Ilha Verde – “Que do muito arvoredo assim se chama, Das que nós povoamos a primeira” (Lusíadas,V)  - chegaram os lampejos da estrela de Belém. E é ao clarão dessa estrela que escrevo. Porque “fazer Natividade”, segundo a Criança-Protagonista do Natal, é integrar o seu projecto, é ajuntar um tijolo, uma pedra, um cimento na construção dessa epopeia sempre almejada, mas sempre inacabada, qual seja, a ascensão da condição humana e a dignificação da sociedade. Em qualquer tempo e em qualquer lugar. Todos quantos empenham o seu talento e o seu esforço braçal nesta campanha está a actualizar o único e verdadeiro Natal, o mais genuíno Presépio de Belém.
Aconteceu em 1419 quando, a partir da Escola de Sagres, o Infante “Navegador” fez chegar à ilha os seus marinheiros, capitaneados por Tristão Vaz Teixeira e João Gonsalvez Zargo. Relegando para ulteriores considerações  os “bene ou male – fícios” do histórico empreendimento, importa realçar o contributo que a nossa Ilha deu para a ciência náutica,  para a desmitificaçãso dos pavores ancestrais, para a descoberta da verdade planetária nas suas múltiplas vertentes. Foi a era da luz contra a obscurantismo dos mitos medievais. Daqui, porto de ancoragem, o Homem partiu à conquista do Universo. É dito e consabido que a epopeia dos descobrimentos (com tudo o que de sombrio se lhe misturou) foi também um “grande Passo para a Humanidade”, equiparável aos modernos heróis, os astronautas conquistadores do espaço.
Em apoio desta constatação, cito o eminente historiador Padre Eduardo Pereira, nas ILHAS DE ZARGO: “O Infante D. Henrique deu de facto uma nova civilização ao Mundo, porque não se limitou à empresa aventurosa das suas naus. Ele não fez só marinheiros, barcos e descobrimentos. Foi mais ampla e completa a acção da sua epopeia” (…)
É este o nosso ponto de partida para a redescoberta do Natal, focalizada nos “600 Presépios Madeirenses”. Desvendar o mistério do Homem à conquista da Verdade, pelos caminhos (quantas vezes, dolorosos) da Ciência – aí se descobre também o luminoso rasto da necessária mensagem natalícia!

17.Dez.18
Martins Júnior      
          

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