A nave de pinho que a levou
Bordada a linho rosa e gerbera
Foi ela quem a fez e plantou
Dobrada sobre a terra que o pai lhe
dera
Contadas pelos dedos
As estátuas que fizera
Davam oito vezes dez
Quantos os anos que vivera
Mortiças as mãos calejados os pés
Ao sol talhante do estio
E ao frio gretado dos invernos
A enxada ao ombro a foice a tiracolo
Eram o maço e o cinzel
Mais a agulha e a lareira
Com que esculpia ao colo
Os anjos-filhos que hoje a levaram
À materna alcova derradeira
No seu cortejo e com ela
Em Maio dia primeiro
Eu vi todos os homens e todas as
mulheres
Operários do mundo inteiro
Na marcha triunfal ao
Arquitecto-Escultor
Do futuro em construção
O Povo Trabalhador
Modelo
e artífice
Escultora Madre
A nau de pinho te levou
Mas a alma-projecto que tu foste
Para sempre aqui ficou
01.Mai.19 – Dia do Trabalhador
À querida Balbina da Encarnação que
foi hoje a sepultar
Sem comentários:
Enviar um comentário