domingo, 9 de fevereiro de 2020

QUANDO O SAL É SOL – E OS DOIS O MELHOR DE TODOS OS MUNDOS


                                                             

       Ficou-me todo o dia nas papilas gustativas e nas pupilas do olhar aquele mix duradouro onde gostaríamos de habitar toda a vida: o vigor do sal marinho e a transparência luminosa do sol nascente. Logo pela ,manhã vieram os dois – sal e sol – abrir-me os lençóis e convidar-me “ Levanta-te, Vem connosco descobrir o Dia Novo, depois leva-nos contigo à conquista de novos mundos!”.
Quem me trouxe tão gostosos romeiros do Oriente foram as palavras do perene Nazareno, projectadas urbi et orbi para quem mantém abertas  as janelas do espirito:
Estando Ele com os Doze disse-lhes: Vós sois o sal da terra. Vós sois também a Luz do mundo, tal  como a cidade no cimo  da montanha  não pode ficar escondida, ou como a lâmpada que não se a põe debaixo do alqueire, mas no mais  alto candelabro para iluminar todos quantos vivem lá em casa”.
O sal que salva! Não o que dá sabor, mas o que dá saúde. Não o sal invasivo das ementas especiosas, mas o sal que impede a corrupção dos alimentos e, daí, o sal que purifica o cardápio das ideias. Situando-nos no contexto da época, tinha o sal a função do frigorífico, era como que o gelo que conservava a carne e o peixe. Foi este o sal cirúrgico em que deveriam transformar-se os seus seguidores.
Num mundo em que, desde os altos tronos aos médios e pequenos escaninhos da sociedade,  prolifera à solta o monstro da corrupção, implora-se a vinda de voluntários ‘armados’  da força do sal corrosivo  para anular a podridão larvar que nos afoga e preservar dela o que ainda pode ser salvo. Nobilíssima tarefa a dos promotores da higiene ambiental, ética e intelectual da humanidade!
Sem abusar da bonomia de quem me acompanha, ouso trazer à nossa mesa a eloquente mensagem do Príncipe dos Oradores, o Padre António Vieira, nos púlpitos de São Luís do Maranhão, em 1654, mensagem identificativa de quem foi, no século XVII, um veemente defensor de uma sociedade saudável e justa, contra a degradação reinante:
“O efeito do sal é impedir a corrupção. Mas quando a Terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm  o ofício do sal, qual será ou qual pode  ser a causa desta corrupção? Ou porque o sal não salga, ou porque a Terra não se deixa salgar”…    
    Sal e Sol – o binómio portador do genuíno princípio  activo que seca as bactérias nocivas e varre as trevas nocturnas. “Vós sois a Luz do mundo!”.  Tem tanto de poético como de empírico o mandato da Luz, o ofício de um novo e outro “Lúcifer”, transportador da Luz. Mas para que não nos fiquemos naquele dolce farniente, ou no doce sonambulismo de aspirarmos a românticos semeadores da Luz, sem acção nem substância, indica-nos hoje Isaías Profeta e líder, as turbinas e os mecanismos produtores da Luz:
“Reparte o teu pão com o faminto, acolhe o pobre sem abrigo, leva roupa a quem a não tem, evita a opressão, nunca voltes as costas ao teu semelhante. Se fizeres assim, a tua vida será uma aurora em cada manhã e até a tua própria noite brilhará como o sol do meio-dia” (cap.58).
Está nas nossas mãos, em gestos triviais do nosso quotidiano, a produção biológica, psicológica, holística, da Luz. Cada um de nós, é uma prestimosa Central Produtora da Electricidade, daquela que o mundo mais precisa.
Com Sal e Sol teremos o melhor de todos os mundos!

09.Fev.20
Martins Júnior

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