Ficou-me
todo o dia nas papilas gustativas e nas pupilas do olhar aquele mix duradouro onde gostaríamos de habitar
toda a vida: o vigor do sal marinho e a transparência luminosa do sol nascente.
Logo pela ,manhã vieram os dois – sal e sol – abrir-me os lençóis e convidar-me
“ Levanta-te, Vem connosco descobrir o Dia Novo, depois leva-nos contigo à
conquista de novos mundos!”.
Quem
me trouxe tão gostosos romeiros do Oriente foram as palavras do perene Nazareno,
projectadas urbi et orbi para quem mantém
abertas as janelas do espirito:
“Estando Ele com os Doze disse-lhes: Vós sois
o sal da terra. Vós sois também a Luz do mundo, tal como a cidade no cimo da montanha não pode ficar escondida, ou como a lâmpada
que não se a põe debaixo do alqueire, mas no mais alto candelabro para iluminar todos quantos vivem
lá em casa”.
O
sal que salva! Não o que dá sabor, mas o que dá saúde. Não o sal invasivo das
ementas especiosas, mas o sal que impede a corrupção dos alimentos e, daí, o
sal que purifica o cardápio das ideias. Situando-nos no contexto da época,
tinha o sal a função do frigorífico, era como que o gelo que conservava a carne
e o peixe. Foi este o sal cirúrgico em que deveriam transformar-se os seus
seguidores.
Num
mundo em que, desde os altos tronos aos médios e pequenos escaninhos da
sociedade, prolifera à solta o monstro
da corrupção, implora-se a vinda de voluntários ‘armados’ da força do sal corrosivo para anular a podridão larvar que nos afoga e
preservar dela o que ainda pode ser salvo. Nobilíssima tarefa a dos promotores
da higiene ambiental, ética e intelectual da humanidade!
Sem
abusar da bonomia de quem me acompanha, ouso trazer à nossa mesa a eloquente
mensagem do Príncipe dos Oradores, o Padre António Vieira, nos púlpitos de São
Luís do Maranhão, em 1654, mensagem identificativa de quem foi, no século XVII,
um veemente defensor de uma sociedade saudável e justa, contra a degradação
reinante:
“O efeito do sal é
impedir a corrupção. Mas quando a Terra se vê tão corrupta como está a nossa,
havendo tantos nela que têm o ofício do
sal, qual será ou qual pode ser a causa
desta corrupção? Ou porque o sal não salga, ou porque a Terra não se deixa
salgar”…
Sal e
Sol – o binómio portador do genuíno princípio activo que seca as bactérias nocivas e varre as
trevas nocturnas. “Vós sois a Luz do
mundo!”. Tem tanto de poético como
de empírico o mandato da Luz, o ofício de um novo e outro “Lúcifer”,
transportador da Luz. Mas para que não nos fiquemos naquele dolce farniente, ou no doce sonambulismo
de aspirarmos a românticos semeadores da Luz, sem acção nem substância,
indica-nos hoje Isaías Profeta e líder, as turbinas e os mecanismos produtores
da Luz:
“Reparte o teu pão com
o faminto, acolhe o pobre sem abrigo, leva roupa a quem a não tem, evita a
opressão, nunca voltes as costas ao teu semelhante. Se fizeres assim, a tua
vida será uma aurora em cada manhã e até a tua própria noite brilhará como o
sol do meio-dia” (cap.58).
Está
nas nossas mãos, em gestos triviais do nosso quotidiano, a produção biológica,
psicológica, holística, da Luz. Cada um de nós, é uma prestimosa Central
Produtora da Electricidade, daquela que o mundo mais precisa.
Com
Sal e Sol teremos o melhor de todos os mundos!
09.Fev.20
Martins Júnior
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