Enquanto
pelas arcadas do templo reboavam os sumptuosos acordes da idade barroca…
Enquanto
nos palcos esvoaçava a arte de Sófocles e se estendia suave o manto das canções românticas…
Enquanto,
ao abrir da noite, ensaiavam-se os primeiros sonhos de amor entre lençóis de
linho…
Eis
que o Planeta-Adamastor acorda e grita: “Estou
Aqui!”.
E
todo o mundo se alvoroçou e os homens espavoridos fugiam do chão que se lhes
escapava debaixo dos pés!
Sereno,
mas não impávido, eu cismo com outros sismos de magnitude maior, embora de
aparência menor: as magmas dilacerantes dos invisíveis epicentros familiares… as
depressões sem fundo dos oceanos que trazemos no peito… os corona-vírus que, de
longínquas paragens, hospedamos dentro de nós e que teimam em derrocar tudo à
nossa volta!
E,
por fim, sobrecismo na brisa suculenta que, desde 1895, me trouxe Rudyard Kipling, no seu famoso “If”
(Se):
…………
“Se podes encarar com indiferença igual
O triunfo e a derrota, eternos
impostores...
Se podes ver o bem oculto em todo o
mal
E resignar sorrindo o amor dos teus
amores...
Se podes resistir à raiva e à
vergonha
De ver envenenar as frases que
disseste
E que um velhaco emprega eivadas de
peçonha
Com falsas intenções que tu jamais
lhes deste...
Se podes ver por terra as obras que
fizeste,
Vaiadas por malsins, desorientando
o povo,
E sem dizeres palavra, e sem um
termo agreste,
Voltares ao princípio a construir
de novo...
Se puderes obrigar o coração e os
músculos
A renovar um esforço há muito
vacilante,
Quando no teu corpo, já afogado em
crepúsculos,
Só exista a vontade a comandar
avante...
Então
Alegra-te, meu filho,
Então
Serás um Homem!"
-----------------
07.Mar.20
Martins Júnior
Ah! Soubesse eu, assim, saborear a vida nos seus acontecimentos, tirando deles o deleite da esperança! É, na verdade, tudo para cismar. Um abraço, P. Martins.
ResponderEliminar