Sem
pessimismo nem aventureirismo, dou comigo em espectador extra-terrestre a olhar
o grande circo em que o mundo se tornou, entalado entre pandemias e pandemónios.
Andamos todos a atravessar o periclitante fio de arame sobre aquele misterioso desfiladeiro,
cuja distância é a mesma que vai do berço
à sepultura. Muitos cambaleiam e estatelam-se definitivamente. Poucos
são os que se seguram e chegam ao fim.
Não admira, pois, que sejam sem conta
as receitas que as farmácias têm de aviar, na sua grande percentagem, os ansiolíticos.
Caídos do arame, navegamos como baratas doidas no ‘poço da morte’, rodopiando sem
destino entre baforadas sem freio que se entrechocam e nos esfrangalham corpos,
neurónios, lazer, sono, saúde física e psíquica.
Na
realidade, quem e como poderá suportar-se
esta ameaça galopante de viroses
coronadas, mas fatais, no país e no mundo?... Logo, logo acorrem os mortos (velhos e novos),
juntam-se os corruptos (administradores da justiça) mais os do futebol e os
banqueiros. Clamam as bocas vítimas do desemprego, arrepiam-nos ranchos de
refugiados, as crianças deles e outras, as nossas, recém-nascidas e abandonadas nos lugares
públicos ou nos contentores de lixo. Quem aguenta viver nesta pocilga ‘serena’
e assassina?...Até nas aras de culto, quem suporta as dezenas de milhares apinhadas
num santuário, orantes impunes e místicos?... Os mesmos que amaldiçoaram idênticos
ajuntamentos de diferente conotação, mas de melhor organização.. E os donos do mundo,
às avessas, promotores do genocídio pandémico, dentro e fora do seu
território?!... E as guerras
vaticano-religiosas para derrubar o Chefe Supremo da Cristandade?!... Que mundo
é este?!... Quem nos segura?!... Aí andam os suicídios, fantasmas ambulantes em
desaforo!
Procure
cada qual o seu arrimo, construa o seu bordão de convicções e esperança!
Fixemos o nosso ânimo naquele personagem que deambulava alvoroçado na praia por
entre as muitas vítimas do naufrágio ocorrido no navio em que viajavam. Todos
choravam a perda dos seus haveres Só o homem, sem nada sequer com que se cobrisse, saltava entusiasmado E
bradava “Omnia mecum porto” – Eu trago
tudo comigo, eu cá não perdi nada!
Era um
filósofo, um sábio. A sua riqueza e a
sua força guardava-as
dentro
de si. E com elas, as suas armas, enfrentava, seguro, a adversidade. Com elas, as
suas convicções, reconstruiria, firme e confiante, o mundo de amanhã!
No pandemónio das pandemias sociais,
culturais, políticas, económicas em que somos forçados a viver, quem nos
segura? Onde te aguentas? Onde me aguento?
Fica de pé a palavra de ordem - o teu,
o nosso talismã:
SEGURA-TE!!!
17.Set.20
Martins
Júnior
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