sábado, 27 de julho de 2019

NARRATIVAS QUE NÃO MORREM


                                                 

Em fim  de semana da estação mole e solarenga que nos traz sono e barafunda sem limite, agarro-me ao fio da história contada no Livro de tempos imemoriais. Neste sábado-domingo, o Livro de há séculos e milénios toma conta de mim, pela imensa razão de ver reflectida nas suas páginas a história de hoje, do aqui e agora.
 Primeiro:
Duas cidades, Sodoma e Gomorra, foram condenadas à destruição total. Alguém impetrou à Suprema Divindade que perdoasse os crimes daquelas populações depravadas. Procedeu-se então a várias  tentativas de resgaste: se houvesse 50 cidadãos probos e honestos, as cidades não seriam arrasadas. Depois, 45, 40, 35, 30, até chegar ao dígito mínimo. “Se houvesse 5 ou 4 ou 3 ou 2 ou 1 justo, o Supremo Juiz revogaria a sentença fatal. Mas nem 1 justo havia naquelas duas cidades. Por isso, foram arrasadas, completamente destruídas. Vem no Livro do Génesis, capítulo 18.
Lição de ontem, de hoje, de sempre! Quem constrói ou quem destrói as cidades, as vilas, as aldeias, as instituições, mesmo as ditas sagradas, não são os deuses: sãos o que lá habitam ou as dirigem. Muito antes de sentenciar Camões que “um fraco rei faz fraca a  forte gente”, já o Livro tinha decretado. É o povo que faz o rei e faz o reino, a região, a cidade e freguesia. Ninguém espere salvadores extra-terrestres para libertar o território. Só os que lá vivem serão capazes e suficientes para minar e reduzir a pó os muros  da vergonha que apertam e oprimem os seus habitantes.
Segundo:
Um amigo acorda o outro amigo, altas horas da noite, para pedir de empréstimo dois pães necessários à família. Há insistências, protestos, insultos – “não posso levantar-me, vai-te embora da minha porta, não me enerves, desaparece, vem amanhã” – mas foi tanto o batente na porta que, ao fim de muitas imprecações, o “amigo” levantou-se e obrigou-se a despachar favoravelmente o pedido. Vem em Lucas, capítulo 11.
O Mestre e Pedagogo do Povo sintetiza a narrativa: “Procurai e achareis, bati e abrir-vos-ão a porta”.
Procurai, Bati insistentemente à porta … e vencereis.
Antes, muito antes dos estrategas sócio-políticos, Alguém dissera o mesmo: “Só é derrotado quem desiste de luitar”!
Nós aqui, sabemo-lo bem e de “um saber de experiência feito”!
Assenta bem o pregão: “A LUTA CONTINUA”!!!


27.Jul.19
Martins Júnior

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