Tudo
tinha de convergir para a foz deste grande rio: a alegria pré-solar (antes que
o sol nasça, ela já está) condimentada com a especiaria da descontracção e a
noz-moscada dos badalos, chocalhos, búzios madrugadores e madrugadeiros. Enfim,
a catarse colectiva – o elixir endémico de que tanto precisamos após doze meses
de canseiras ilhoas.
Pelo
mesmo diapasão afinam as ‘barraquinhas do povo’, o circo, o Papai Noel e a Mãe-Natal,
bombinhas, foguetinhos, caminhando tudo “100/à hora”, para a super-paranóia pirotécnica, a maior do
mundo.
A religião tinha de marcar lugar. Ficar de
fora seria pecado de mortal anti-patriotismo. Assim nasceu a Madeira
Parturiente, com 800 horas grávidas de festa prazenteira, a que os licores
típicos emprestam combustível q.b. O altar desce ao adro e os ‘ministros’ sacam
foles dos acordeões e unhas dos rajões, tudo, em letra, para cantar o Parto. E
onde antes se dizia, na gíria dos arraiais, “Até o padre ajudou”, passou-se a subir o nível e prestigiar a boda
com um “Até o bispo ajudou”…
Faz
bem à saúde física e mental tudo aquilo que une as pessoas, tudo o que as
liberta e abraça. Mas há um mote, talvez um ponto de ordem que urge não
esquecer, uma partitura regente de todo este bulício das gentes. É o Parto!
Seria sumamente reconfortante ver e saborear o ritmo dos passos dessa jovem
grávida (teria 16/17 anos) calcorreando os longos caminhos de Nazaré para
Belém. É o que, da nossa parte, vamos tentar fazer: vê-la passar, senti-la
chegar junto da nossa vizinhança, da nossa casa, oferecer-lhe até um berço onde
reclinar o Menino. “Como se Ele nascesse aqui!”…
Tentaremos,
ainda, abrir o nosso olhar, acompanhar com veneração e simpatia cada mulher grávida
que circula em nossa terra e ver nela essa donzela judia que, após nove meses
de gestação, deu ao mundo a hipótese fagueira de um Novo Mundo.
Assim
será completa a nossa alegria. Porque o Parto – o histórico, o autêntico - estará em construção até ao fim dos tempos!
Assim
será completa a nossa alegria!
15.Dez.19
Martins Júnior
Pois, aqui está, o essencial das novenas a MARIA, as missas do Parto. Seguir os passos e as legítimas interpelações daquela Jovem Judeia será, com certeza, um luar novo para atravessar a ponte do Natal da comunidade da Ribeira Seca. Decerto que, será interessante seguir com afinco, mais esta viagem esclarecedora do Pe. Martins Júnior.
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