Ainda
calcorreavam a vereda do Larano e já os Reis Magos eram surpreendidos por uma voz angélica vinda dos lados do Monte da
Piedade, no Caniçal:
Reis
Magos, muita atenção
Aqui
também é Natal
Venham
ver o Deus Menino
Nascido
no Caniçal
Na
casa da sua Mãe
Senhora
da Piedade
Seja
embora pequenina
Cabem
todos à vontade
Os
barcos lançam as redes
Maré
baixa maré cheia
Aqui
o pão vem do mar
Como
o Mar da Galileia
Extasiados
perante tão inaudito acontecimento, os Três Reis abriram o peito e soltaram
alto brado:
Ó que doce maravilha
Ó
que milagre divino
Dentro
daquela canoa
Está
nascendo o Deus Menino
Esta
notícia tivemos
Aqui
mesmo quem diria
Por
isso nós vamos dar
Os
parabéns a Maria
Ó
Senhora Faroleira
Da
Ponta de São Lourenço
Recebei
as nossas prendas
Oiro
mirra e mais incenso
Feitas as homenagens reais ao
recém-nascido, filho de pescador, o Narrador da alegoria informa cuidadosamente
os nobres peregrinos sobre os trilhos a percorrer:
Boa viagem, Romeiros,
Para
lá do Caniçal
Passareis
a ‘Pedra d’Eira’
E
a ‘Ribeira de Natal’
O Excerto da alegoria – “Como se Ele
nascesse aqui” – representada ao vivo no adro da Ribeira Seca, em 2006, foi o
mote da sexta ‘Missa do Parto’ deste ano de 2019 e pretende chamar a atenção
para a importância dos mares no equilíbrio do planeta e, consequentemente, no
quotidiano das nossas vidas. Pretende, ainda, ser uma homenagem aos homens do
mar, particularmente aos pescadores do Caniçal e de todo o mundo. Aliás, o
próprio Jesus teve sempre essa dupla paixão, o seu coração balanceava entre o
campo e o mar. O Mar de Tiberíades ou Mar da Galileia era a sua praia, o seu palco e o seu púlpito.
Era ali o meio ecológico da sua mensagem e ali é que recrutou os seus principais
colaboradores, os Apóstolos.
E
se Ele cá nascesse… voltaria a amar a mesma natureza, o mesmo ambiente e seriam
os mesmos, os seus dois amores paisagísticos, a Terra e o Mar!
21.Dez.19
Martins Júnior
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