Aponho-lhe o subtítulo
declarativo: Leitura breve do divisionismo religioso. E justifico a opção pelo
facto de neste dia 25 de Janeiro ocorrer o encerramento do já centenário “Oitavário pela Unidade das
Igrejas”, uma iniciativa do pastor anglicano Paul Wattson, em 1908, logo
partilhada pelo Papa de Roma.
É de fácil narrativa o historial do “Oitavário”:
Confrontado com a manta de retalhos das mais diversificadas religiões, o
anglo-americano Wattson decidiu lutar contra este atentado à integridade do seu
Fundador, Jesus de Nazaré, “O Nazareno”. Grandes progressos, embora de pequenos
passos, conheceu o fenómeno religioso, denominado Cristianismo. No entanto,
continuaram as divergências (nalguns locais transformaram-se em discórdias
acesas) arvoraram-se supremacias, orgulhos, dogmatismos exacerbados,
multiplicaram-se as seitas e templos, salpicadas de celebrações, sessões e orações conjuntas,
permutas ‘diplomáticas’ de visitas segmentadas, ora a um, ora a outro templo
das confissões em rede…aparente.
Sublinho “rede aparente” e mantenho. Porque
ajustando o microscópio da ‘razão prática’
lê-se, vê-se a olho-nu onde radica o escândalo do divisionismo religioso
– precisamente nisto: os corifeus, donos ou capatazes das religiões pretendem
sobrepor-se ao seu Fundador. São eles que expõem a Constituição do “seu” reino.
São eles que impõem aos ombros dos outros fardos e sanções que nem com um dedo
querem tocar. São eles que moldam usos e costumes sempre ao serviço dos “seus”
interesses classistas.
Garantem
a segurança dos “seus” interesses, lançam os alicerces dos “seus” tribunais e
tipificam os ‘crimes’ e as penas, talhadas à imagem dos Códigos de Processo
Penal. E assim se contrói um “reino”. De imediato, inscrevem no alçado frontal – “este é o Reino
de Deus” ou “A Porta do Céu” ou O Império de Cristo”, com trono e coroa, ceptro e anel, palácio e
guarda.
E aqui começam as dissenções, os ‘ciúmes’
e as rivalidades entre os auto-nomeados representantes do “Chefe” (desculpem a
crueza), do Pastor, da Divindade. Matam a alma da religião mas engrossam o
corpo, arregimentam o “seu” castelo, enchem-se os cofres e os paióis. Acontece
o mesmo nos negócios e agências do mundo: quando o procurador quer ser mais que o
Outorgante. Ou o aprendiz superior ao Mestre. Ou o director do club quando pretende
“jogar” para fora mais que os atletas em campo. Ou, ainda, como se a cópia
quisesse suplantar o original.
Tenho para mim que se o verdadeiro
Pastor e Mestre voltasse destruiria tantas bancas de cúpulas ditas religiosas,
destituiria liminarmente tantos vendilhões
do Seu Nome! E ao Povo verdadeiramente crente
diria o mesmo que à Samaritana confidenciou: ”O Meu Pai só aceita adoradores
que o sejam em Espírito e Verdade” (Jo.4,1-24).
Em
termos directos e, talvez, sensivelmente contundentes, tentei traduzir o que ao
longo dos séculos tem sido expresso por autênticos arautos do Espírito,
profetas, teólogos, ascetas e místicos. No entanto, por todos aconselho a
Primeira Carta de Paulo que será lida amanhã em todos os templos: (1 Cor.1, 10-13.17).
Em
Espírito e Verdade!
25.Jan.20
Martins Júnior
A verdade, nua e crua...dolorosa, mas verdade!
ResponderEliminarO Padre Martins sempre foi contundente, incisivo, iluminado! .... Explicitou verdades "nuas e cruas" que se aplicam sobremaneira na Sociedade Madeirense e caem como uma luva no Brasil...
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