As
rotas que Maio abriu!
No
primeiro domingo, abriram-se as rosas, soltaram-se os ventos e em todas as
pétalas voava escrito o nome de Mãe. Porque em toda a sua extensão, as vinte e
quatro horas trouxeram falas de ternura, mas não só. Marcaram também rumos
decisivos nas paredes do planeta e nas folhas pesadas e ásperas da história de ontem, de hoje e de
amanhã. Foram também outras falas ditaram nomes como lideranças, e pastores, dinheiro e assaltos, mercenários
e ladrões.
Hoje,
a literatura oficial transmitiu-nos o interminável duelo que opõe, desde o
princípio do mundo, as duas rotas nevrálgicas para o futuro das sociedades.
Duas rotas desenhadas por dois estatutos irredutíveis: os bons e os maus
líderes. Neste domingo fomos chamados a ponderar o magno problema do mundo, de
cuja solução depende o sucesso ou a degradação da nossa “Casa Comum”. Por
outras palavras: a grande crise de todos os tempos é a crise das lideranças.
Cada época traz o selo indelével do seu líder. Já o nosso épico, referindo-se
ao frágil D. Fernando, definiu n’Os Lusíadas que “Um fraco rei faz fraca
a forte gente” (Canto III, 138).
Muito
antes de Camões, já nas planuras da paisagem palestiniana o Nazareno separava “o
trigo do joio” da sociedade judaica, quando frontalmente invectivava os líderes
político-religiosos do seu tempo, em enunciados veementes como estes: “O povo
precisa de pastores e não de mercenários. Porque o pastor enfrenta o lobo e dá
a vida pelas suas ovelhas. O mercenário, não. Esse foge e deixa os lobos
devorar as ovelhas. Porque ele é ladrão, só lhe interessa o dinheiro”. (Jo.10,1-10).
Melhor
que qualquer sociólogo ou doutrinador revolucionário foi o Mestre que pôs o
dedo na ferida e propôs-lhe o antídoto. Líderes – genuínos e corajosos - eis o
de que o mundo precisa. Ele sabia-o, “de um saber de experiência feito” (por
isso cobraram-lhe a vida como preço da sua liderança) e previa-o até ao fim dos
tempos.
Líderes,
pastores vulgo dictu, nos tronos e nos
púlpitos, nos parlamentos e nos ministérios, nos batalhões e pelotões. Líderes,
pastores nas cátedras, nos consultórios e blocos operatórios, nas empresas, estrategas
na terra, no mar e no ar. Nas encruzilhadas mais dramáticas da história (esta
em que vivemos, por exemplo) é que se detectam os chefes pedagogos, os genuínos
condutores dos povos. E os nossos olhos têm visto, a olho nu, os que “dão a
vida”, corpo e alma pelos seus constituintes e, do outro lado da barricada, os
mercenários, os irresponsáveis e demagogos que pouco ou nada lhes dói a ruina
do país.
Nesta preocupante pesquisa das lideranças empenhadas
em estruturar e fazer subir a humanidade, deparo-me com uma modesta porção de
terro, de onde emergem quatro paredes habitadas. Ali mora uma família. Esta,
outra mais além, outra ao lado, muitas iguais e mais acima, juntas, irmanadas.
Em cada uma vejo a célula originária de todas as lideranças. Um homem e uma
mulher, princípios denominadores comuns da vida e da civilização. Ali começa e
cresce a árvore de todos os amanhãs. Ali não moram mercenários. Ali, só há
entrega incondicional!
Peço
licença para entrar e nas mãos daquela que tem hoje o seu Dia marcado (todos os
dias são dela) depositar uma das muitas rosas que os ventos me têm trazido ao
longo dos anos, as rosas singelas saídas do coração da MÂE:
Tudo o que a vida tem
Tem dentro dela
O nome de Mãe
Mãe-água e Mãe-terra
Mãe-céu e
Mãe-luz
Mãe-corpo e Mãe-alma
Mãe-Deus - Mãe-Mulher
Em tudo o que houve e houver
De aquém e de além
Tu és princípio e fim
Força criadora do Sim
Eterna essência de Mãe
03.Mai.20
Martins Júnior
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