Verão que te viram
Outono te verão
Agosto vir-te-am
Setembro ver-te-ão
Crisálida de fogo
Ninfa já em botão
Cama de outono
Onde dorme louro sono
O trigo do verão
Se te julgas abandono
Não
És mosto no porão
Das naves de Setembro
Em arcas de verde pinho
Sobre as ondas de Novembro
Até ao cais de São Martinho
Ninguém
te cubra de orvalho
Nem de enxoval a retalho
És mais jovem que o Verão
Não se aguenta uma paixão
Na mesma ardente estação
E sempre no mesmo atalho
Tinhas de vir deus Outono
Filho de Diónisis e de Ceres
Mais doce que as mulheres
E mais gostoso na boca
Que todos os reis em seu trono
Gosto de ti
Meu lençol tecido
De folhas amarelas quase secas
No velho chão que sou eu
Nenhuma delas morreu
Nem morrerá
Sem que o sol da primavera
As devolva e reverdeça
No Verão que há-de vir
No Outono que voltará
Saravá! Alleluiá!
25.Set.20
Martins Júnior
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