sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

DENTRO DAS MÁS – AS BOAS NOVAS!

                                                                 


De cada vez que se liga o televisor ou se abre um diário, parece que a máscara já não nos serve de nada. Para apanhar com tantos zeros  no nariz (são dezenas, centenas, milhares, até milhões) temos de nos prevenir com cotonetes, capacetes, couraças, cortiços e vespeiros,  tais são os obuses noticiosos que as hordas covídicas  arremessam desaforadamente dentro do nosso próprio aposento. São os hospitais, os testes, o tormento dos pacientes, a fadiga dos profissionais e, sobretudo, as amarras com que nos prendem de pés e mãos, contra as quais nem nos defende a Constituição da República, apesar das liberdades, direitos e garantias aí consagrados.

Hoje, porém, (e mercê da ‘prisão domiciliária’ a que estamos sujeitos)  surgiu uma boa nova: o espectáculo – neste caso, mais precisamente, o ‘anti-espectáculo – a que nos habituaram as grandes pugnas futebolísticas, chamadas ´derbis’ ou ‘clássicos’ dos rectângulos, que de verde só têm a relva.  Anti-espectáculo, digo eu, porque, na realidade, hoje felizmente fomos poupados àquele furacão visual de cabeças acéfalas (passe a propositada antítese) de cabelos eriçados e pestanas fumegantes, mais agressivas que as hordas covídicas, mais escaldantes que o alcatrão que pisam e, o que é mais solene e vulcânico, a necessidade da escolta de policiamento armado e blindado, não vá a arena andante desintegrar-se e acabar tudo em forcados de rua…

Repito: hoje, a luta foi apenas dentro das quatro linhas. Lutaram as chuteiras, os orgulhos, os cifrões, os donos da bola, os  seus patriotas, seus patrioteiros e patriotarrecas – diria o nosso Eça - mercenários do desporto mercantil. Estão no seu direito. E para isso são pagos. Hoje, foi jogo ‘puro e duro’. Parabéns aos atletas e seus mestres de ofício. Não fora  Sua Majestade o Covid   e teríamos dentro de casa cenas indiciárias, como a que a gravura, acima, documenta.

                                                        


Noutra área de combate, mais nobre na sua fonte e mais decisiva na sua foz, projectam-se também dentro de casa cenários de outra luta, essa sim, que deveria mexer connosco, essa em que somos actores, espectadores, comissários. E, em 24 de Janeiro, seremos árbitros. É a campanha eleitoral, uma “quadratura do círculo” onde o terreno resvala, nalguns casos, para duelos excedentários, senão mesmo grotescos e deprimentes. 

Hoje, porém, foi-nos dado VER (com maiúsculas, para quem teve olhos de ver) um gesto de altíssima nobreza de um Estadista-candidato enaltecendo uma Candidata-com perfil de estadista, ambos concorrentes ao mesmo pódio - o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa e a Diplomata Dra. Ana Gomes. Ao receber em Belém o português Tiago Guerra  que acabava de ser reabilitado pela Justiça Timorense, o nosso Estadista-candidato destacou o prestigioso contributo dado à vitória judicial pela Diplomata Dra. Ana Gomes, sua concorrente ‘adversária’ na corrida a Belém.

Belo exemplo de campanha eleitoral, sem no entanto prescindir da argumentação e das convicções em litígio perante os objectivos a alcançar.

Falta aqui Francisco Álvares de Nóbrega, o Nosso “Camões Pequeno”, para reescrever e dedicar aos dois eminentes vultos citados os versos que escreveu há mais de duzentos anos:  

“Das Almas Grandes a Nobreza é esta”!

 

15.Jan.21

Martins Júnior  

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