Nos antros insulares jazia Satã
Entre lobos já exaustos, famintos répteis à míngua
Queimaram-se os tridentes
queimou-se a língua
E todo o fogo infrene desfez-se em cinza vã
Cravei então meu crânio córneo no palácio vigiante
Braços e unhas de verniz no paço orante
Das entranhas de ferro farei botas cardadas
Meus dedos serão fuzis fardas armadas
Guardas suíças, pretorianas guardas
E se ‘com sete ninguém se mete’
Eu serei lá dez vezes sete
Pelo deus ou pelo demo
Alvíssaras avante
É esta a Nova Cruzada
do Levante
Libertai enfim os Lugares Santos
Presos nessa garagem imunda
Onde é escasso o pão prá boca
Mas o pão da Liberdade abunda
E avançou Satã pelo seu dia que é a noite escura
Dezoito foram as vinte-e-quatro horas da luta ingrata e dura
Enquanto no vigiante palácio delirava o crânio islâmico
E no paço se rezava a missa de pontifical satânico
Estalava o furor dos infernais martelos
Os corpos eram arrastados pelos cabelos
No chão sagrado tornado arena de martírio
Mas o clamor da Liberdade caía como lava
Na farda-guarda suíça-pretoriana
Já sem força, perdido o rumo, perdida a gana
Dezoito vezes o Sol nasceu
Dezoito vezes Satã morreu
No jardim do palácio já não há cheiro nem sombra
Do crânio estratega podrido
Nem o paço reza
Pelo orante semi-morto já caído
Mas a ‘garagem’ ficou
Cresceu, sorriu e cantou.
E se foram dezoito os dias de satânica memória
Dezoito-vezes-dois são hoje os anos da Vitória!
AS PORTAS E OS GONZOS DO INFERNO NÃO PREVALECERAM CONTRA ELA!
27.Fev.21
Martins
Júnior
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