terça-feira, 29 de junho de 2021

ANTÓNIO ARAGÃO E RIBEIRA SECA – DESTINOS CRUZADOS

                                                                       


          Escrever  em cima da água corrente ou ‘como quem canta ao vento que passa’ – é o que se me ocorre hoje perante a notícia de que em São Vicente da Madeira ficará jacente e cada vez mais emergente   o espólio do génio criador chamado António Aragão.

         A mágoa maior é a morte, não a física e visível, mas o universo invisível, intocável, a que comummente se chama património imaterial, que alguém viveu, sofreu, gozou, galvanizou – e deixou! A força semântica do “DEIXOU”  só ganha verdade e autenticidade se houver quem queira receber e segurar o legado transmitido.  No caso em apreço, urge dizer: “Até que enfim, após décadas de recusas, reticências e ostracizações governamentais face à produção multiforme de António Aragão, a sua obra tem o merecido trono no “Solar da Ribeira Seca”, na dita freguesia de São Vicente .

         Neste breve texto quero apenas aproximar a toponímia “Ribeira Seca – Solar”, em São Vicente,  de um outro topónimo “Ribeira Seca”, em Machico.

              Por muito encomiástica que  signifique a homenagem a António Aragão, em São Vicente, a verdade é que o meio eco-cultural popular que António Aragão  descobriu foi a Ribeira  Seca, de Machico. Recordo-me do esforço magnânimo de António Aragão e Artur Andrade  na pesquisa e gravação in loco das tradições e rimances populares, fruto da oralidade secular, os quais já estão reproduzidos no melhor disco até hoje produzido  sobre a genuinidade do cantar madeirense.

Parabéns aos promotores e aos artífices desta justa e bem merecida homenagem.ao enorme, gigante António Aragão!

 

29.Jun.21

Martins Júnior

 

 

  

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