O
palco é rectangular, igual para todos. A bola - redonda, igual para todos. As
mesmas medidas, as mesmas balizas, as mesmas marcas de grande penalidade, o
mesmo relvado, os mesmos juízes, igualitários para ambas as partes, o mesmo
‘placard’ insensível e austero, igual para todos. Enfim, é o que se chama e
personifica o nobre e justo princípio da “Igualdade de Oportunidades”.
Trago
esta aproximação, aparentemente imprópria, para ilustrar, hoje precisamente, a
mensagem que o Grande LIVRO pretende comunicar a todos os estádios da história
humana. Em Sevilha, também poderá ler-se, hoje mesmo, e traduzir-se essa
mensagem, de um lado tão cristalina e lógica, como tão longe de corporizar-se
no campo das sociedades de todos os tempos.
IGUALDADE
DE OPORTUNIDADES!
Limitar-me-ei
a transcrição dos textos, deixando o volume das conclusões à consideração de
quem os ler:
“O que sobra na vossa
mesa é o que falta na mesa de outros…Fizestes bem em colaborar nessa campanha
de solidariedade, porque um dia podem inverter-se as circunstâncias, isto é,
quando sobrar aos outros e vos faltar a vós… Não se vos exige reduzir-vos à
miséria para aliviar os outros, mas o objectivo necessário é este: a
IGUALDADE!... Assim vaticina a Escritura: Àquele que muito colheu e muito ganhou,
nada lhe sobejou. E àquele que pouco colheu, nada lhe faltou” (Paulo
aos Coríntios, II, 8, 7.9.13-15).
É
de uma latitude incomensurável este elogio que Paulo de Tarso faz aos cidadãos
de Corinto. Estaríamos no melhor de todos os mundos: ninguém teria necessidade
de olhar as mãos alheias para matar a fome. Viveriam todos do seu trabalho, do
seu talento, do seu esforço acumulado e só em caso de anomalias pontuais
agiriam as estruturas sociais para normalizar a comunidade. A este propósito,
convém citar o nosso romancista, dramaturgo e observador crítico Almeida
Garrett, nas Viagens na Minha Terra, no
longínquo ano de 1846:
“Eu pergunto aos economistas,
aos políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é
forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à
infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta,
para produzir um rico?”. Responde Viriato Soromenho Marques: “Em 2014, um super-rico correspondia a 41.760.000
infelizes”.
TODOS
DIFERENTES E TODOS IGUAIS!
A
Igualdade, porém, não se alcança sem lhe integrarmos o seu complemento indissociável:
a Diferença. Porque é essa a condição humana. Nem se esgota no pão, na mesa, no
salário. Igualdade é árvore de múltiplos e variegados troncos, de poli-dimensionados
ramos. De género, de côr, de cultura, de crença, de clima, de idade. É precisamente
no trato da Diferença que emerge o brilho e agiganta a grandeza da Igualdade.
Sem
mais delongas, o nosso Líder e Mestre revela-nos à evidência a Unidade na
Diversidade, condição sine qua non para
a construção de uma sociedade genuinamente igualitária. Analisemos Marcos, 5,
21-43:
Em
presença simultânea, como diante de um júri solene, três estatutos, intrínseca
e extrinsecamente, distintos: Primeiro, um Chefe da Sinagoga, chamado Jairo,
pertencente à elite judaica. Segundo, uma mulher, subalternizada na cotação
social da época e, para cúmulo, indigna de permanecer entre a multidão por uma
incurável disfunção hemorrágica; Terceiro, uma criança de doze anos no leito da
morte.
O
popular Nazareno (popular, porque colado e comprometido com o povo da sua
terra, marginalizado pela Sinagoga) teria uma oportunidade de ouro para provar
a sua oposição ao autoritário poder judaico, consignado em Jairo. Quanto à
mulher, por óbvias restrições sanitárias, poderia ‘esquecê-la’ e nisso ganharia
a anuência geral. A criança, de doze anos, entraria no rol dos “párvulos”, já
mortos. Na opinião dos circunstantes, “não valeria a pena perder tempo com ela”.
No
entanto e contra todas as previsões comportamentais, o Mestre tratou-os a todos
por igual: ao Chefe Jairo serenou-lhe o ânimo, à mulher restituiu-lhe a saúde e
à menina restaurou-lhe a vida. Todos diferentes e todos iguais! Na Diversidade
de estatutos, de géneros e de níveis etários, manteve-se a mesma Igualdade de
abordagem e satisfação comum.
Por
aqui me quedo na letra, mas muito mais longe vai o paralelo entre o LIVRO de
hoje e os regimes que vigoram nas famílias e nos indivíduos, nas nações e nas instituições,
inclusive no Império da(s) Igreja(s).
É
da Escritura: Digam o que disserem, perante Deus, uma só coisa é necessária, a
Igualdade! De direitos e deveres! Em síntese: Igualdade de Oportunidades!
27.Jun.21
Martins Júnior
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