sexta-feira, 11 de junho de 2021

“LIÇÕES DE ABISMO” - O CASO "MEDINA"

                                                                           


        Peço licença ao grande romancista brasileiro Gustavo Corção para adoptar um dos seus títulos mais famosos (1950) e colocá-lo como um escaldante talismã à entrada deste terramoto abissal que sacudiu o mundo civilizado, desde a consciência do cidadão comum até às mais sólidas estruturas dos Estados-Nações.

        O abalo é, por si só, tão estrondoso e demolidor que nem me dá tempo para análises cirúrgicas nem para julgamentos sumários. Apenas oito emoções transcritas em oito parágrafos.

 

1.     Foi preciso chegar ao século XXI para saber que, além dos algoritmos, dos cibernautas e ciberterroristas, há  "Estados" subterrâneos a minar, na mais ordenada e maquiavélica clandestinidade, toda a vida de um anónimo cidadão! Quem poderá viver descansado?...

 

2.      Contrariando o optimismo produtivo da burocracia de Max Weber, os factos demonstram que a democracia burocrata desumaniza e mata!

 

3.     O chefe nunca dorme, nunca pode dormir. Mais que expectante, ele veste dia e noite o animus de vigilante, umas vezes agarrando o microscópio, outras o telescópio de antecipação para a acção!

 

4.     ´De minimis non curat praetor’ – diziam os romanos que o pretor (comandante, presidente líder) não se ocupa de minudências aparentes. Só que há ‘coisas mínimas’ assolapadas e às quais fazemos vista grossa, mas no fim explodem e despedaçam o Império. Tolerância ‘Zero?!

 

5.     No mais fino pano cai a nódoa – ensina-nos a filosofia de costumes e adverte-nos o veredicto da história. O líder nunca se deve iludir, sobretudo se atinge o cume mais alto da montanha. Saiba que às grandes altitudes correspondem as mais fundas depressões marinhas. Tudo quanto de belo, sumptuosos e útil construiu durante uma vida  pode ruir num furtivo relâmpago oculto nas nuvens ou latente debaixo dos pés. ‘Noblesse oblige’.

 

6.     Por isso, nunca esqueça que há um carreira de tiro organizada frente à porta da própria casa, pronta a disparar quando menos espera. O jornalismo escondeu na aljava as granadas de mão, desde Janeiro até agora!...

 

7.     Os corvos e os abutres aguardam, desde o princípio do mundo, o cheiro a carne moribunda ou feita cadáver. Nada fazem no terreno, mas puxam a ferros o lucro nas secretarias…

 

8.     Para que tal jamais aconteça, só há uma estratégia: Vigilância e Cidadania! E isto é connosco.

 

11.Jun.21

Martins Júnior

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