Peço
licença ao grande romancista brasileiro Gustavo Corção para adoptar um dos seus
títulos mais famosos (1950) e colocá-lo como um escaldante talismã à entrada
deste terramoto abissal que sacudiu o mundo civilizado, desde a consciência do
cidadão comum até às mais sólidas estruturas dos Estados-Nações.
O abalo é, por si só, tão estrondoso e
demolidor que nem me dá tempo para análises cirúrgicas nem para julgamentos
sumários. Apenas oito emoções transcritas em oito parágrafos.
1. Foi
preciso chegar ao século XXI para saber que, além dos algoritmos, dos cibernautas
e ciberterroristas, há "Estados" subterrâneos a minar, na mais ordenada e maquiavélica clandestinidade, toda a
vida de um anónimo cidadão! Quem poderá viver descansado?...
2. Contrariando o optimismo produtivo da
burocracia de Max Weber, os factos demonstram que a democracia burocrata
desumaniza e mata!
3. O
chefe nunca dorme, nunca pode dormir. Mais que expectante, ele veste dia e
noite o animus de vigilante, umas
vezes agarrando o microscópio, outras o telescópio de antecipação para a acção!
4. ´De minimis non curat praetor’ – diziam
os romanos que o pretor (comandante, presidente líder) não se ocupa de
minudências aparentes. Só que há ‘coisas mínimas’ assolapadas e às quais
fazemos vista grossa, mas no fim explodem e despedaçam o Império. Tolerância ‘Zero?!
5. No
mais fino pano cai a nódoa – ensina-nos a filosofia de costumes e adverte-nos o
veredicto da história. O líder nunca se deve iludir, sobretudo se atinge o cume
mais alto da montanha. Saiba que às grandes altitudes correspondem as mais
fundas depressões marinhas. Tudo quanto de belo, sumptuosos e útil construiu
durante uma vida pode ruir num furtivo
relâmpago oculto nas nuvens ou latente debaixo dos pés. ‘Noblesse oblige’.
6. Por
isso, nunca esqueça que há um carreira de tiro organizada frente à porta da própria
casa, pronta a disparar quando menos espera. O jornalismo escondeu na aljava as
granadas de mão, desde Janeiro até agora!...
7. Os
corvos e os abutres aguardam, desde o princípio do mundo, o cheiro a carne
moribunda ou feita cadáver. Nada fazem no terreno, mas puxam a ferros o lucro
nas secretarias…
8. Para
que tal jamais aconteça, só há uma estratégia: Vigilância e Cidadania! E isto é
connosco.
11.Jun.21
Martins Júnior
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