Início
de uma semana marcada pelo olhar de um vidente, biólogo e agricultor de terras
por descobrir. Como habitualmente, fico sempre atento ao LIVRO que, desta
feita, vem em Marcos, capítulo IV.
“A
que hei-de comparar o meu Reino? Tão simples como isto: um grão de mostarda, a
mais pequena de todas as sementes que a terra dá, mas em crescendo torna-se a
árvores maior do jardim, ornada de ramos tão amplos e generosos que vêm
fazer-lhe ninho todos os pássaros que há em seu redor”.
Faço
um imperativo silêncio introspectivo,
respiro profundamente e depois procuro com o meu olhar interior essa Árvore
prendada pela previsão do seu plantador e cuidador omnipresente. Vou acompanhá-lo
durante toda a semana e pôr-lhe-ei questões inadiáveis, incontornáveis, porque
são tantas as árvores espalhadas no jardim da história, tantas que dificilmente
lobrigo aquela à qual se referiu o Nazareno, nas suas previsões meteoro-sociológicas.
Há-as opulentas de dorso troncudo,
agarradas ao solo avaro. Há-as esguias e altaneiras, como misses dominadoras em
desfile de figurinos botânicos, há-as pesadas de folhagem de oiro, oriundas de
um filão aurífero escondido em terras de senhorio. E muitas outras há-as, tão
sumptuosas que se confundem com o mármore das cúpulas e das colunatas barrocas,
aonde nem os pássaros se aproximam com medo de serem devorados.
E
onde está aquela, plantada e arroteada pelo seu Autor Primeiro?
Árvore-Ecclesia,
Assembleia-Reino, Igreja-em-Movimento Crescente! Em que solo? Com que
fertilizantes? Com que folhas e flores e frutos?...
Iniciada
com um punhado de trabalhadores, quase todos da beira-mar, regada com sangue de
mártires, seiva libertadora de escravos que ganharam o estatuto inteiro de
seres humanos, onde e como estará a Árvore?... Tertuliano, desde o século III,
prognosticava: “O sangue de mártires é
semente de cristãos”.
Mas
a Árvore teve colonos que a enxertaram à medida dos seus desígnios de
mercenários, colonizaram-na, leiloaram-na e até venderam-na a outros
latifundiários e com estes fizeram pactos de condomínios reais, escandalosamente
alheios ao seu Plantador original. Daí, proliferaram os troncos anafados, as
folhas de metal sonoro em cofres bancários, os zimbórios de estilo
judaico-cristão, enfim, estiolou-se a seiva interior de tal maneira que têm
fadários redobrados aqueles que tentam restituir a Árvore ao seu húmus inicial.
Falo
em linguagem parabólica, quase-gestual, tal como descreve o capítulo IV,
supra-citado. E a minha inquietação consiste em descobrir o paradeiro da
verdadeira Árvore, por entre as cópias fac-similadas que dela fizeram os homens
e os crentes aceitaram sem qualquer esforço de discernimento. Evitando cair no
pessimismo depressivo que assolou muitos dos que tentaram conscientemente
alcançar as raízes da Árvore, também evitarei o tremendo equívoco de confundir
a Igreja de Jesus Nazareno com os palácios pontificais, com os embaixadores
vaticanos e seus apaniguados ou com a coreografia mundana do espectáculo
pseudo-religioso.
Toda
a semana fixarei a minha pesquisa e a minha inquietação no único fertilizante prescrito pelo Autor e
Cuidador da verdadeira Árvore: “Os
adoradores autênticos do Meu Pai são aqueles que O adoram em espírito e verdade”.
(Jo, cap.IV,23).
13.Jun.21
Martins Júnior
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