quinta-feira, 17 de junho de 2021

NO CORAÇÃO DE JUNHO VOLTOU A BATER O CORAÇÃO DO MUNDO!

                                       

                                  


         Foi preciso chegar ao coração do mês-coração-do-ano para encontrar aí no meio uma nesga de almofada onde reclinar o coração do mundo. Olhando em redor, o que mais se tem visto e sentido é uma quase paralisia geral que traz o indivíduo e a sociedade tolhidos, sufocados, numa palavra, confinados.

         No entanto, algo de novo veio reanimar as artérias geladas do planeta, a começar pelo nosso próprio país. As recentes e felicitantes notícias que a UE nos trouxe através de Ursula von der Leyen fizeram pulsar o ânimo dos portugueses na reconstrução global que o nosso Plano de Recuperação e  Resiliência mereceu das instâncias europeias.

         Seria, porém, redutor ficarmo-nos apenas pelo “sol na nossa eira e chuva no nosso nabal”. Moramos numa planície mais vasta, redonda e de múltiplas e tão diversificadas latitudes. Nunca estaremos bem se outros estiverem mal. Por isso, o que se passou anteontem em Genebra não pode deixar-nos indiferentes. Se os estertores lunáticos de Donald Trump  contra tudo e contra todos abalaram-nos até à medula dos ossos, na mesma e maior medida a Cimeira entre  Biden e Putin tiveram a força de um desfibrilhador taumatúrgico a relançar um novo e saudável ritmo para o coração da humanidade.

         Não é este o lugar para dissecar os contornos, os gestos, os silêncios ou as reticências deste encontro histórico. Nem tão-pouco proclamarei loas super-optimistas acerca do mesmo, porque o futuro, sobretudo, em política, é feito mais de dúvidas que de certezas. Todavia, dois incisivos  indicadores sinalizaram as mais de três horas de diálogo.

O primeiro, este precisamente, bem expresso na afirmação de Joe Biden: “Não há substituto para o diálogo frente-a-frente”. Tão diferente e abissal do que nos fora dado pelo anterior neurótico, com punhos tribais, ameaças, espuma pelos maxilares abaixo… Justamente pelo diálogo, os dois representantes, Biden e Putin,  deixaram claros os seus propósitos, sem hibridismos cinzentos, como de resto demonstraram as duas declarações finais, em separado.

O segundo, a nova ponte entre EU e EUA. Basta compulsar as tentativas – umas disfarçadas, outras despudoradas – de fragmentar a unidade dos 27, após a instigação americana no processo do Brexit. Agora, porém, com Joe Biden, deixará de pesar o monstro todo-poderoso que ameaçava minar os alicerces de uma  Europa.Unida.

 Finalmente, como cereja em cima do bolo, a revelação, hoje difundida pelos órgãos de comunicação de todo o mundo: O Senado norte-americano aprovou  a data de 19 de Junho como  novo feriado nacional, em memória do 19 de Junho de 1865, o Juneteenth, no Texas,  que culminou todas as intervenções do presidente Abraham Lincol  para considerar homens e mulheres livres os escravos afro-americanos.

No mundo conturbado e soturno em que vivemos, o mês de Junho, a meio do ano 2021, trouxe no coração, entre 15 e 16, uma nesga de luar e, talvez, a alvorada de um Dia Novo – também para nós, ilhéus. Saibamos ler a mensagem desta hora, que dela bem precisamos!

 

17.Jun.21

Martins Júnior


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