sábado, 3 de julho de 2021

ANATOMIA E PARTO DE UMA AUTONOMIA

                                                                       


“As palavras estão gastas, meu amor” – desabafava Eugénio de Andrade num dos seus poemas à mulher amada.

Ao ouvir as velhas tabuadas dos velhos-novos feitores desta coutada a que chamam Autonomia, fechada nos “doirados salões parlamentares”  do dia 1 de Julho de 2021,  não me ocorreu melhor definição que a do grande poeta: “As palavras estão gastas, povo ilhéu, gentes da Madeira e Porto Santo”.   Pela simples razão de que essa Autonomia já está gasta e gastas estão as línguas que a proferem.

Porque a Autonomia é feita à nossa custa, amassada com os nossos corpos  curtidos na moenga desses velhos-novos senhorios, impõe-se ao nosso espírito mandar suster o turbilhão das palavras gastas e apostrofar, alto e bom-som, a nossa consciência individual e colectiva quanto às perguntas seguintes:

 

Quando nasceu a Autonomia Regional?

Por que razão nasceu a Autonomia Regional?

Qual a sua paternidade?

Quais os parteiros e com que ferros a fizeram nascer?

Qual a nossa bandeira?

Aos 45 anos de idade, como são e como estão os filhos que ela pôs nas ilhas?

 

Ninguém ceda à tentação de encolher os ombros. Porque das respostas a estas perguntas depende  nosso presente e depende também o futuro dos que vierem depois de nós!

Autonomia é assunto nosso. É connosco!

Tentarei responder ao desafio nos próximos dias. Porque eu estive lá.

Autonomia também é comigo

         03.Jul.21

         Martins Júnior

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