“As
palavras estão gastas, meu amor” – desabafava Eugénio de Andrade num dos seus
poemas à mulher amada.
Ao
ouvir as velhas tabuadas dos velhos-novos feitores desta coutada a que chamam
Autonomia, fechada nos “doirados salões parlamentares” do dia 1 de Julho de 2021, não me ocorreu melhor definição que a do
grande poeta: “As palavras estão gastas, povo ilhéu, gentes da Madeira e Porto
Santo”. Pela simples razão de que essa
Autonomia já está gasta e gastas estão as línguas que a proferem.
Porque
a Autonomia é feita à nossa custa, amassada com os nossos corpos curtidos na moenga desses velhos-novos
senhorios, impõe-se ao nosso espírito mandar suster o turbilhão das palavras
gastas e apostrofar, alto e bom-som, a nossa consciência individual e colectiva
quanto às perguntas seguintes:
Quando
nasceu a Autonomia Regional?
Por
que razão nasceu a Autonomia Regional?
Qual
a sua paternidade?
Quais
os parteiros e com que ferros a fizeram nascer?
Qual
a nossa bandeira?
Aos
45 anos de idade, como são e como estão os filhos que ela pôs nas ilhas?
Ninguém
ceda à tentação de encolher os ombros. Porque das respostas a estas perguntas
depende nosso presente e depende também
o futuro dos que vierem depois de nós!
Autonomia é assunto
nosso. É connosco!
Tentarei responder ao
desafio nos próximos dias. Porque eu estive lá.
Autonomia também é comigo
03.Jul.21
Martins Júnior
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