Deixei,
por hoje, no congelador da falésia o prometido “parto da Autonomia” e
acompanhei a romaria ascendente dos amigos de RIGO até ao pico alto sobranceiro
à baía, onde todos juntos coroámos o verde ondulante com a tão graciosa quão
majestosa “COROA DO ILHÉU”.
Não
foi inauguração nem quanto se lhe pareça. Foi um cântico de congratulação –
genuíno, transparente e com um sabor a sal marinho – que nos fez abraçar em
redondel de emoções o esforço, a persistência, a alma daquelas tábuas, daquele
mastro altivo e daquela vela aberta, lençol materno que a todos aquece e a todos põe na mesa o pão que vem do mar.
Erguido
como em merecido trono, depois de tanto porfiar os mares, a COROA DO ILHÉU
agora desafia os ares, obedecendo ao astrolábio dos corações vigilantes que têm
por ritmo a nobre ambição de ir ‘Mais Alto e Mais Além’.
Como
então esclareceram os ‘carpinteiros navais’ de muitas mãos e de maiores
talentos – jovens, designers, poetas
e músicos, artífices populares, homens e mulheres que calejaram os dedos ao
longo de muitos meses, capitaneados pelo ‘arrais’ RIGO - aquela nau jacente,
desde o tombadilho ao cavername, desde a proa até à popa, perpetua memórias centenares desta
ilha, epopeias milenares de navegantes heróicos de todas as latitudes na
demanda do desconhecido.
Embora
não geminadas em burocracia timbrada, o certo é que me senti ali balanceando o
ânimo entre duas populações gémeas à nascença: Câmara de Lobos e Machico, a que
junta o Caniçal e a cuja ‘companha’ me honro de pertencer.
Doravante,
a COROA DO ILHÉU olhará a fímbria do horizonte, mergulhará os fundos oceânicos
e lá dentro alguém há-de reviver a grandeza e a tragédia do mar, evocando o
génio de Fernando Pessoa:
“Ó Mar Salgado,
Quanto do teu Sal
Também são Lágrimas…
De Câmara de Lobos, de
Machico, do Caniçal!”
‘NAVEGAR
É PRECISO’ !!!
05.Jul.21
Martins Júnior
Sim. Navegar é preciso e tão imprescindível nos nossos dias. Que a vela da "Coroa do Ilhéu" seja sempre esse lençol de memórias, essa sentinela de ver mais longe, olhar além da fímbria do horizonte. Parabéns ao RIGO, às gentes do mar e ao autor deste texto.
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