Atravessemos
a ponte. Doze vezes por ano, a mesma travessia. Entre hoje e amanhã, o mesmo
que entre um ano e outro – entre todas as margens que nos levam a um novo
projecto e a uma nova estrada. É aí, no tabuleiro da ponte, que se nos
antolham, sinalizadas, as estações e os derivas da viagem. Visibilidade e
cautela são os semáforos em riste.
E
vamos atravessá-la, segurando nas mãos o LIVRO, como o mais amplo código de
estrada. É o “modus essendi” de todas as minhas/nossas semanas. Com este ‘gps’
afinado, à ponte segura somar-se-á um rumo securitário. Espelho ou auto-retrato
do que somos em público e/ou em privado:
*
A
ingratidão da espécie – vem em “Éxodo”, cap.16:
Os filhos de Israel,
atravessando o deserto, rumo à sua pátria, revoltaram-se contra Moisés, por os
haver libertado da escravidão do Egipto: ‘Lá, assim diziam, tínhamos carne nas
panelas e pão com fartura. Aqui morremos de fome. Foi para isto que nos trouxestes
de lá?...
A
frustração do líder libertador!... Onde é que já vimos isto?... A libertação de
um Povo não cai do céu nem se a espera na volta do correio: temos que ir buscá-la.
E isso tem uma factura: a nossa participação/sacrifício!
**
O
egoísmo utilitarista – denunciou-o o Nazareno, em Jo. Cap.16;
Este povo vem atrás de
mim, mas é para encher a barriga de pão e peixe’…
Mas
quem mandou o liturgista romano situar estes textos numa época pré-eleitoral?...
O Mestre e Pedagogos dos palestinianos desmontava-lhes a aparente opção por Ele: ‘
vindes comigo só por interesseirismo”. Hoje, invertem-se os factores: os
caçadores populistas correm atrás das presas com cabazes, subsídios, benesses, prebendas
e afins… A sofreguidão não tem máscaras
nem limites!
***
No
mercado do Pão, há mais que a côdea comestível – vem no mesmo capítulo:
Trabalhai, não apenas por
essa comida tão frágil e caduca, que até apodrece e desaparece.
Procurai pão mais suculento, aquele que perdura e dá para a vida presente e para a
vida futura. Eu sou esse Pão!
Na
voragem desenfreada pelo papel sonante – imune a todos os detergentes da
engenharia do crime – há vida para além do pantanal financeiro corruptor e
corrompido! Falta Ideia, falta Espírito, falta Amor!
Na
“Ponte dos Bons Sinais”, entre Julho/Agosto de todas as vidas, aí ficam três
indicadores de uma passagem segura.
31Jul/1.Ago.21
Martins Júnior
Tão atuais e tão nítidas estas mensagens destas leituras deste domingo. Na verdade, parece que recuamos no tempo ou será que ainda nada aprendemos com a sua incisiva sabedoria?
ResponderEliminar