Estuário inaugural onde desagua
A tríade sem tempo e sem finito
Do som primeiro que feriu o espaço
Das ondas do vento das plumas e dos
pássaros
E se tornou partitura de inacabado
compasso
Violino rajão tambor acordeão
Das águas virgens saídas do genesíaco terraço
Que o demiurgo bosão abriu
E se fez fio, levada, lago e vasto rio
Da infância uterina sempre rediviva
Que mesmo ré e da morte cativa
Renasce das próprias cinzas
E volta em cada manhã
Ao porto-seio donde saíu
Outubro
Maduro e rubro
No seu leito mais antigo e profundo
Espelha-se a idade toda do mundo
Nas três sílabas pesadas
Há a primavera de Vivaldi e a clave de
todas as baladas
No estuário calmo do seu peito
Água Música Velhice
Juntaram-se para que todo o mundo ouvisse
As sinfonias gémeas de um concerto
perfeito
01.Out.21
Martins
Júnior
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