domingo, 31 de outubro de 2021

O RELOJOEIRO FALSO QUE MUDA O TEMPO E A VIDA

                                                                   


Quem mandou ao rasteiro pigmeu

mexer no braço-ferro do gigante primevo?

E quem lhe deu

forja e ponteiros

para amarrar o sol, a noite e os ventos romeiros

sem freio?

 

Alquimista refém da cega poção

que fabricou

nem vê, porque também cegou,

os monstros que pariu:

salgou a terra secou o rio

matou o mar faliu o ar

e aos humanos deu plástico em vez do verde

alucinados fantasmas de um ossário

mortalhas estendidas na cambraia de um berçário

 

Deixem o tempo em paz

deixem o sol girar sem termo

e a noite e o dia no seu idílio certo

 

E ao ferreiro anão da maquiavélica ambição

Funda a forja e os ponteiros

Antes que os ponteiros o sangrem

E a forja o torne cinza fria   

 

         31.Out/01.Nov.21 – Início do horário de inverno

        Martins Júnior

 

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