Se vós não sabíeis
Agora sabeis
Que é do dia cinco
Para o dia seis
Que
se ‘canta’ Os Reis
E lá vamos nós, em romaria, de terra em
terra, de mar em mar e de casa em casa, ostentando na cabeça a coroa cravejada
de falsos brilhantes ou o folclórico barrete-de-orelhas, com os búzios, os machetes,
o reque-reque e os ferrinhos, arregimentados em orquestra sinfónica para o
desfile real.
De terra em terra, de mar em mar e de
casa em casa… É por aqui que eu vou. E
vejo que é por aí que, assumidamente ou não, vamos todos nós. Não numa onda de
mera diversão pós-natalícia, mas como expressão de um estatuto promocional,
inerente à condição humana.
Subentende-se facilmente que é outra a
minha visão desta noite de Reis e do lugar que nela ocupamos. Deixo para outros
a magia dos Três do Oriente, o pré-concebido tributo dos magnatas árabes, desde
a mais recuada era profética, ao Menino de Belém. Deixo também largas aos
cantadores da ruralidade genuína, alguns deles ‘capturados’ nos palcos urbanos
para consumo turístico.
Hoje, a minha noite de Reis é inspirada
na vocação mais radical e íntima do ser humano, inscrita no nosso ADN, desde a
sua génese, cantada por poetas como Goethe - “a nossa ânsia de subir, cobiça de
transpor” – e alcandorada nas páginas do LIVRO, entre as quais, a apologia que
Pedro faz da sua comunidade: “Nação escolhida, estirpe real, povo adquirido”!
Se ontem considerei RedOOOndOOOs como
zero os votos robóticos e hipócritas com que a farsa social bombardeia a
passagem de ano, hoje rendo homenagem a todos os homens e mulheres, jovens e
idosos, profissionais de todas as classes laborais, de todas as latitudes, de
todos os continentes, de todos credos e de todas as etnias, “Povo escolhido,
Geração Régia” que carreia, sem estrondo, para 2022 todo o seu talento, a sua
força braçal e a sua energia emocional afim de tornar verdadeiramente Novo o
novo Ano, Renovado este Planeta, seja qual o território ou o ofício da sua especialidade.
Nos
bastidores de cena a que o actual momento nos obriga, contemplo esse cortejo
interminável de romeiros artífices,
caminhantes anónimos - esses que vão de terra em terra, de mar em mar e de casa
em casa - ostentando a coroa real de quem constrói e comanda o Mundo!
Para eles, não haverá apenas a “noite
do dia cinco para o dia seis”: todos os dias e todas as noites pertencem-lhes,
de direito e de facto.
Serão
Dias e Noites de todos os Reis!
5-6.Jan.22
Martins Júnior
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