É
inevitavelmente aí que havemos de chegar. Seja qual o gps do nosso passo ou o batente da nossa velocidade, sejam quais as
veredas ou autoestradas que optemos percorrer, é lá que chegaremos. Assim dita a biologia, assim determina o processo
burocrático do trabalho (Max Weber), assim o crescimento sócio-cultural, a
filosofia e assim a própria teologia. Todos
os segmentos da vida em sociedade convergirão para um único vértice de
perfeição: o espírito democrático.
Em mais um fim-de-semana, embarco de novo no
LIVRO, à procura de mais uma centelha de verdade. E achei-a precisamente num dos
textos propostos para este Domingo, 16 de Janeiro. É o de Paulo de Tarso numa
das suas Cartas, a Primeira aos habitantes da grande cidade de Corinto.
Poderíamos hoje titulá-la de Homem Algum
é Uma Ilha, de Thomas Merton, ou de A
Vida das Abelhas, de Maurice Maeterlinck,
ou de outro extenso Manual de Sociologia.
O que estruturalmente está em causa é este
determinismo genético, chamemos vocação inata, da natureza, dos homens e das
coisas: a interdependência de funções e contributos que, sendo parcelares e
distintos uns dos outros, concorrem todos para a mesma meta - a compleição
perfeccionista de um bem comum ao serviço da humanidade, seja numa família, num
bairro, numa cidade, no planeta.
Para os amigos e amigas que comigo
conversam ao som deste teclado dos Dias
Ímpares, excuso demonstrar mais provas científicas além do écran na minha frente: as conquistas da
engenharia electrónica, a evolução da tecnologia, os milhares de
investigadores, as ferramentas, os operários, enfim, o batalhão produtor deste
portento onde se passeiam os meus dedos! Desde os mais singelos, por vezes até
descartáveis objectos do quotidiano até aos altos voos da ciência, há esta
corrente de persistentes elos indissociáveis desde o início até ao términus do
seu percurso: o nosso bem-estar. Sensibiliza-me profundamente o que comemos à
mesa, o pão que vem da terra e o pão que vem do mar. Quantos obreiros anónimos
estão ali connosco!
A frustrada ambição do Orgulhosamente Só, já a história tem demonstrado
os escalavrosos frutos que produziu e ainda produz: a ditadura, a destruição, o
suicídio. Tremenda e avisada lição para governantes e candidatos ao poder!...
Toque a rebate à própria Igreja e à sua monarquia unipessoal, tendencialmente
exclusivista e elitista, contra a qual tem lutado, quase debalde, o Papa
Francisco, sobretudo na encíclica Fratelli
Tutti. A este propósito, surge em
Portugal um valoroso sósia do Bispo de Roma, o Professor Padre Anselmo Borges,
sobretudo no seu último livro: A Igreja e
o Mundo, Que Futuro? Imperdível a
sua leitura.
Perorando sobre o Espírito da
Democracia inerente à constituição do Planeta e do Homem que nele habita, ,
verifico que não fiz ainda a prova de Paulo de Tarso na complementaridade dos
espíritos, isto é, dos dons e talentos esparsos nas relações que determinam a
vida em sociedade. Eis, pois, o que diz o Apóstolo das Gentes, na sua Carta aos
Coríntios:
Há
uma diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. A manifestação do Espírito é
dada a cada um para proveito comum. Assim, a um é dado o dom da palavra e da
sabedoria; a outro o de operar curas e milagres; a outro, o dom da profecia; a
outro, o do discernimento dos espíritos; a outro, ainda, o dom de falar
diversas línguas e a outro, o de saber interpretá-las. Mas é o mesmo Espírito a
operar em todos e cada um para o
proveito comum (I Cor. cap. 12).
“Para o proveito comum” – aqui está o
Tratado Perfeito do verdadeiro Espírito da Democracia Plena. “Navegamos todos
no mesmo barco”!
15.Jan.22
Martins
Júnior
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