Em
fim de domingo faz bem e até serve para arejar não só o ambiente circundante
mas também o cérebro pensante de quem
viveu em directo ou em diferido aquele coro canoro, superpolifónico, inigualável, dos animais no
anfiteatro exterior das igrejas, seguido do cortejo processional sempre com a
mesma banda sonora, briosa e livre, desde os metálicos galos-palheiros até aos roncados
e cavos carneiros atrás do santo protector, insensível a tão ruidosa manif.. Os
felizardos, porque abençoados, bípedes e quadrúpedes faziam a publicidade dos
seus dedicados proprietários, vestidos à domingueira para exibir os seus forçados
“pupilos” de companhia.
Dado o palco aos “homenageados”, demos a
palavra aos donos, mais divertidos e orgulhosos que os próprios protagonistas
domésticos:
“Como
a gente, os animais também merecem a bênção de água benta”!
“Os
bichos têm direito a ser benzidos, porque é a nossa tradição. E “Eu cá sou
católica”.
“Eu
vim de longe, porque na minha freguesia só dão missa, não deitam água benta ao
meu cão”!
“Como
nós, eles também têm o direito a ser baptizados. Para Deus lhes dar mais saúde,
mais tempo de vida e mais juízo”. Esta do ´”mais juízo”, é a cereja em cima do bolo!
Ridicule, mais
charmant! – não me ocorre outro sublinhado, que nem
chega a ser comentário…
E
em que estaria pensando Santo Antão, do alto do seu andor, com aquele “jardim zoológico"
ambulante atrás de si? …
Saberá
o povo crente que o porquinho e os restantes animais que figuram aos pés do
santo eremita representam os demónios que o atormentavam no deserto para onde ele
fugiu, apavorado com as tentações mundanas que o perseguiam, noite e dia?...
Mas
é tudo tão carinhoso, comovente, enternecedor. E o povo gosta…
Ridicule,
mais charmant!
19.Jan.20
Martins Júnior
Sem comentários:
Enviar um comentário