Que
imensa e bela é a lei dos contrastes! No ano 46º do “25 de Abril” – o ano legal do
confinamento social – nunca foi tão plena e íntima a apoteose da Revolução dos
Cravos nesta freguesia. O Largo que o Povo, desde a primeira hora, cognominou
como o seu “Largo 25 de Abril”, estava vazio, tendo como única testemunha a
imponente estátua de Tristão Vaz Teixeira. Por isso, o Cravo da Liberdade
soltou-se e percorreu as cinco freguesias do concelho.
Foram
cenas emocionantes, vibrantes, comoventes. Nas varandas das casas, nos portais,
nas janelas, nos terraços, assomavam as pessoas acenando, batendo palmas,
atirando flores. Inesquecível aquela cena com as mães trazendo à beira da
estrada as crianças para saudarem o símbolo da esperança, embalado pela voz do
cantautor da Liberdade, o imortal José Afonso que esteve, ele mesmo,
presencialmente em Machico no ano de 1976.
Mais
profunda e tocante era a Terceira Idade,
de lágrimas nas faces enrugadas, cantando a canção inicial, a “Festa do Povo, o
Povo que trabalha e faz o Mundo Novo”. Foram eles, hoje veteranos, aqueles que outrora
mais sofreram e, por isso mesmo, lutaram para que em Machico e em toda a
Madeira não fosse vã a madrugada de Abril. Eles sabem quanto custou a
Liberdade!...
Mas
a apoteose de Abril ultrapassou o litoral da ilha. Navegou mares distantes e lá
de longe chegaram até nós as mensagens de milhares de conterrâneos nossos que
vibraram connosco. Do Reino Unido, da França, do Brasil, do Canadá e de tantos
outros polos de saudade as redes sociais encarregaram-se de juntá-los aqui, num
imenso abraço fraterno e patriótico. Cidadãos madeirenses, cidadãos do mundo!
Hoje
foi um dia novo, pujante e, ao mesmo tempo, intimista. O grandioso Cravo de Abril foi até à casa dos
habitantes de cada freguesia, desde o mar à montanha. Partimos de Machico, alcançámos Água de Pena,
Subimos ao Santo da Serra, atravessámos túneis até ao Porto da Cruz e, por fim,
abraçámos o Caniçal. Pescadores, Camponeses, Operários – todos construíram o
seu (de 1974) e agora o nosso 25 de Abril de 2020. Somos nós, sobretudo os jovens,
que replantaremos e ergueremos o Abril do futuro.
Aos
militares que o fizeram
A
todas as gerações que o seguraram
Às
vítimas do Covid e a todos os cuidadores e profissionais da saúde
O NOSSO ABRAÇO E A FORÇA DE ABRIL SEMPRE!
25.ABRIL.20
Martins
Júnior
Foi um ato muito pedagógico e libertador esta iniciativa do Centro Cívico.
ResponderEliminarEstão todos de PARABÉNS!!!