“Acalmem-se,
façam um pouquinho de intervalo. Todos os dias, o ‘Covid.19’. de manhã, ao
almoço, jantar e ceia. Já vão cansando demais”…
Embora
discordando parcialmente dos comentários como os que acabo de citar, vou
suspender a série de mensagens que, nos dias ímpares, tenho ininterruptamente dedicado
à grande manchete do tempo, o malfadado ‘coronavírus’. Vou entrar noutra “quarentena”.
Antes,
porém, a tudo quanto reflecti – e muito mais falta ainda – sobre este apocalíptico
exterminador, permitam-me adicionar duas notas complementares. A primeira serve
para sublinhar os gestos das várias entidades públicas e privadas que têm entregue
volumosas dádivas a esta causa, desde milhares e milhões de euros, até
viseiras, máscaras, ventiladores. Ao cidadão comum, à grande multidão que nada
pode doar, em valores faciais, ouso dizer: “Fiquemos em casa. Se cada um de nós
cumprir este forçado isolamento social, tenhamos a certeza de que fizemos a
maior oferta, a mais rica doação. Ficando em casa, dispensam-se ventiladores,
viseiras, milhares e milhões. Eu fico”!
A
outra nota advém do espectáculo tremendo que há cerca de quarenta e cinco anos deixáramos
de ver no nosso país: ruas e avenidas desertas, proibição de ajuntamentos, polícia nas portagens e nas encruzilhadas,
enfim, o cidadão preso na sua própria casa, transido de medo. Um cenário de
ditadura, pura e dura. Uma atmosfera de chumbo, com a tenebrosa PIDE
a controlar os nossos
passos. Sabemos que é apenas cenário, pois são tão diversas as causas e as
circunstâncias. No entanto, há quem olhe mais atentamente a história e até
vaticine que é neste ‘caldo’ de calamidade pública que os políticos astutos
forjam sub-repticiamente os regimes ditatoriais. Por isso, eis a minha
sugestão: sigamos inteligentemente as normas oficiais aceitando as necessárias
restrições do momento e sem altercar com as forças da ordem. Não esperemos que
a PSP ou a GNR nos venham autuar, multar ou prender. Não habituemos os
políticos a usar e abusar contra nós os agentes da autoridade. Guardemos as
nossas forças para mais tarde, quando a pandemia fugir, para quando e se o regime pretender coarctar os
nossos direitos, liberdades e garantias. Aí sim, repetiremos como há quarenta e
cinco anos: “A reacção não passará”!
Posto
isto, volto à minha “quarentena”. Dura uma semana apenas. Eu bem sei e estou
com Blaise Pascal quando afirmou que “Jesus estará em agonia até ao fim dos
tempos”. E acrescento: Ele está, sempre esteve e sempre estará. É da Semana,
chamada, a Maior que escrevo. Maior, dizem alguns, mas também a menor, a
ínfima, a mais degradante da história.
É
aí a minha “quarentena”. Faço-a sob protesto, tal como publicamente tenho feito
há cinco décadas com a comunidade a que pertenço. Este ano será no mais
recôndito silêncio. Sob protesto, também, porque preferia nunca fazê-lo. Alcandorar em
espectáculo o maior crime da história???!!!... Arvorar em hasta pública o julgamento, a condenação e a mais
ignominiosa execução de Alguém que “passou pelo mundo fazendo o bem”???!!!...
Alguém, o mais Inocente exemplar da humanidade, vítima da mais vil ditadura, da
satânica aliança entre o poder religioso e o poder político de Jerusalém???!!!...
Uno-me
a todos quantos procuram ver e interpretar o “Processo de Jesus”, na esteira do
dramaturgo Diego Fabri. Não perderei um instante com as sádicas e horrendas caracterizações
de Jesus feitas pelo publicitário de bilheteira Mel Gibson e similares. Também
não permitirei que, para esconder os assassinos de Jesus, me venham dizer que Ele
morreu pelas minhas asneiras, a que chamam pecados. Eu quero é saber qual o ‘corpo
de delito’, a acusação, os autores, enfim,
as alegações e as causas de tamanha tragédia, que envergonha a Humanidade. Quero
ler o Cristo histórico. Tudo o mais vem depois. Eis a minha “quarentena”. E o
meu protesto.
03.Abr.20
Martins Júnior
Sei que há mais mas, pelo menos já somos dois. Já o mundo não está todo em silêncio. Passaremos a dita semana maior ("menor") em separação física, todavia unidos na mesma fé e esperançados nos dias melhores. Também reclamo por que não nos podemos reunir para rezar, enquanto uma assembleia parlamentar ou ministerial pode ter os seus elementos bem perto uns dos outros - até para dormir mais fofinhos - e deliberarem o tal cativeiro para uns tantos. Esperemos com a tal paciência dias melhores. P. Martins, um abraço.
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