Tempos tumultuosos os que vivemos!
O
tumulto vem, subtil e penetrante como vírus perturbador, na leveza da grande
nuvem que envolve neurónios, cérebros, pulsões e decisões. A nuvem toma a
figura de um ponto de interrogação, tão grande e disforme que não cabe nas
teclas em que escrevo.
?
Hoje,
dirijo-me aos cultores do (oficialmente)
Sagrado.
Aos
vassalos indefectíveis do Poder Hierárquico.
Aos
escrupulosos dogmatistas de uma Fé virtual (também ela oficial), assente numa indiscutida infalibilidade pontifícia.
Aos
construtores de uma torre inexpugnável a que deram o temerário nome de Moral “cristã
e ocidental”.
Em
síntese, aos fogosos panegiristas do Papado Imperial, (Deus no céu e o Papa na
terra) os tais “mais papistas que o Papa”.
A
todo o séquito-exército inquisitorial (especialmente o instalado nos dicastérios
da cúria vaticana) fundamentalistas líquidos da espuma epidérmica que adoram
como deusa do Templo:
E agora?...
Após
as últimas declarações do Romano Pontífice sobre o estatuto humano e cristão da
comunidade LGBT, vem o tumultuante tropel das interrogações:
É
lícito dar (ou não) crédito ao Chefe e Líder universal da Igreja?
É
legítimo (ou não) o culto ao Soberano Pontífice?
É
justo (ou blasfemo) considerá-lo representante de Cristo?
É
imperativo de Fé obedecer (ou desobedecer) ao Papa de Roma?
Ter-se-á
o Papa enganado, tergiversado, resvalado?
Será
este o fim da Igreja Católica – ou o seu renascimento?
Tempo de interrogarmo-nos. A nós também. A cada qual (eu,
tu, ele) a quem coube a sorte de atravessar esta onda colossal que tomou conta
do planeta, em todas as latitudes e em todos segmentos da condição humana. O da
Igreja e de muitos outros.
27.Out.20
Martins Júnior
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