Gabriel
Arcanjo!…
A mãe
lhe dera
Um nome e o mantivera…
Lindo
nome!
Porque
onde quer que ele chegasse, era a anunciação da Primavera.
A
lealdade do sorriso, a transparência do olhar, o ritmo da sua voz!
Tão jovem – que jovem era!
Foi
pensando nele e em todos iguais a ele que Fernando Pessoa escreveu “O Menino da
sua Mãe”. Como a luva que se desprende da mão, foi-se a
luva e ficaram as mãos plenas de estrelas como um general e dóceis, humildes
como sereno patriota servidor da grei.
Nos
seus sonetos, Francisco Álvares de Nóbrega, “O Nosso Camões” , chamava a
Machico “A Pátria do Autor”.
Gabriel
Arcanjo bem podia dizer o mesmo. Em todos os gestos, em suas palavras, em suas
emoções - vi-o pessoalmente e por tantas vezes - palpitava um acrisolado amor pátrio à terra
onde nasceu e cresceu.
Não esqueço a sua presença imponente, sincera
e emotiva quando em Lisboa apresentei os CD’s Machico, Terra de Abril e Viva
a Vida, e ainda Poemas Iguais Aos
Dias Desiguais. Onde estivesse Machico, lá estava Arcanjo Gabriel!
Que
mágoa me ficou com esta partida tão cruel, que não nos permitiu concretizar a já
programada iniciativa cultural autóctone… Cidadão do Mundo, ficou a sua obra de
investigador exigente no respeito pelas fontes históricas.
Mesmo
sem crer que nos já nos deixou, junto-me à sua volta, com seus pais, com seu
irmão Mário Avelino, meu afilhado e a cujo casamento presidi (permitam-me este incontido
estado de alma) e que tão cedo também transpôs a meta da existência. Junto-me
aos familiares vivos, aos amigos – e tantos, tantos que eles são… para dizer
num apertado abraço de homenagem e saudade: Morrer
é só deixar de ser visto!
Como
o Arcanjo Gabriel, na Anunciação, vaticinou a Boa Nova nascente, assim também sobre
a lousa de Gabriel Arcanjo há-de ver-se um rasto luminoso a alumiar-nos
enquanto houver caminho para os nossos passos…
13.Fev.21
Martins Júnior
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