No reino do Rei Otário
Uma lei foi dada ao vulgo
Carnaval será ao
contrário
Assim o mando e promulgo
Outro corso e outro
horário
O melhor do mundo julgo
Que até o Rio de Janeiro
Desistiu do pandeiro
A saída é de manhã
E vou mandar chover
poncha
Para arrasar o ecrã
Daquela Lisboa trouxa
Hão-de ver o Grande Fã
Travestido à moda gouxa
A tocar o reque-reque
Al é Grande e o seu Quéque
E na grande barafunda
Da noite das lantejoulas
O Rei das rosas inunda
Do perfume das papoulas
A miss, o barão e o
corcunda
Abre o peito alça as
ceroulas
E grita em língua de ilhéu:
Aqui quem manda sou eu!
Não há Terreiro nem Paço
Nem coisa que se o pinta
Aqui manda outro palhaço
Outro é o vigia da Quinta
Passa-me aí um fumaço
Enche-me os beijos de
tinta
Eu não sou qualquer joão
Meu bombo é mais que um trovão
Passaram a noite em
refregas
Quem abria o carnaval
Encontrões e cabras-cegas
Por causa do enxoval
E ao cabo de muitas negas
Chegou um acordo final:
Será homem ou mulher
Quem Rei Otário quiser
………………………
Continua amanhã, quando sair o entrudo…..
15.Fev.21
O
Espectador sem senso nem consenso
Sem comentários:
Enviar um comentário