De
quarentena, sim. Não daquela que paralisa ou encarcera o corpo, mas de uma
outra, a que, primeiro, comprime e aperta os neurónios para, depois, libertar o
espírito. Até 4 de Abril, não serão passeio fácil os dias e as noites que
medeiam esta ponte que separa as duas margens da primavera. Acompanhe-me quem
achar por bem e tiver coragem de olhar o sol da realidade factual, sem
preconceitos e sem fúteis misticismos.
O
caso é mais duro que a crueldade ocorrida com George Floyd, lá longe nos EUA,
mais hediondo que o de Ihor Homeniuk, afogado às mãos do SEF, aqui tão perto. O
mundo estalou de indignação, porque dois homens foram assassinados sob o ‘império’
das autoridades oficiais. No protesto das populações eram patentes, gritantes,
três veementes questões e tão urgentes
quanto as respostas: Quem?... Como?... Porquê?...
O caso é mais cruel, mas parece apenas
de protocolo anual, se não apetecido, ao menos pacificamente consentido:
Um
outro cidadão, de pleno direito do reino de Israel (já lá vão mais de dois mil
anos) foi barbaramente torturado e assassinado no mais humilhante patíbulo da
época: a Cruz.
E
ninguém acorre, a perguntar: Quem matou?... Por que o matou?... Quais o
processo e a forma de execução da pena?..
A
quarentena interrogante balança entre dois polos antitéticos, dificilmente conciliáveis:
Assassinato ou Suicídio?... Jesus foi morto ou foi Ele próprio que se matou, entregando-se
directamente aos algozes?
Como
foi dito acima, a pergunta é tão pesada quanto ou mais que a quarentena. Mas é
preciso formulá-la com racionalidade e frontalidade, perscrutá-la, até
encontrar (talvez o impossível!) uma resposta minimamente satisfatória à
inteligência humana. Porque, aqui também, ‘a culpa não pode morrer solteira’.
Dois autores ajudar-nos-ão a um esclarecimento
plausível:
O
primeiro é Jacques Paternot, engenheiro, industrial, economista, escreveu um
livro e títulou-: “O assassinato de
Jesus”. Por outra o lado, o analista e teólogo Pierre-Emanuel Dauzat optou
pela designação mais cruenta, em sua obra: “O Suicídio de Cristo”.
Da
extensão e compreensão da resposta, dependerá a nossa visão da realidade factual
e, mais do que isso, ditará o nosso posicionamento (activo, passivo ou quase
folclórico) sobre como comemorar tão trágico e criminoso acontecimento.
23.Mar.21
Martins Júnior
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