1-3-5:
Três marcos luminosos colocados no mês que assinala o coração ao meio de um ano
inteiro! Ímpares e luminosos, trazem na fronte o signo do futuro: a Criança. No
dia 1, a oficial homenagem mundial ao “Pequenino-Grande Ser”. No dia 3, a festa
mimosa das 19 crianças que pegaram mais de perto os valores da Eucaristia, a “Boa
Graça” de cada dia. E o dia 5, também de frescura infantil, porque sempre se
há-de constatar e dizer que o Ambiente é uma Criança.
Antes
que o dia esmoreça, permitam-me deixar aqui a expressão de quem num simples
olhar se lhe depara a leitura toda a geografia humana de uma determinada região,
de um país, quiçá de toda a história. É um despretensioso desabafo o que hoje
transmito, para justificar o enunciado que acabo de escrever.
Tão
simples quanto isto: sempre que, nas minhas funções pastorais, presido ao Baptismo
ou Primeira Eucaristia de uma criança, ao olhar o protagonista do acto
sacramental – o neófito ou o neo-comungante – transcendo o tempo e vejo-os já
com a estatura e compleição dos pais que os trazem ao templo. E, como que num
exercício de antecipação quase-profética, interpreto aquele momento
circunstancial como um cântico de parabéns pelo futuro anunciado daquela
criança.
Pois
bem (e continuo nesta transparência de estado de alma) hoje eclodiu em pleno
silêncio de emoções indescritíveis a confirmação daquela visão de outrora.
Diante de mim, uma criança, várias crianças aguardando a Primeira Eucaristia. A
seu lado, os pais. Quem são os pais? – pergunto-me a mim próprio. E a memória
selectiva responde-me: “Eles são aquelas crianças que há vinte ou trinta anos
estavam sentadas nos mesmos bancos aguardando diante de ti a recepção da
Primeira Eucaristia”.
É
nesse momento, a todos os títulos intensamente histórico, que sinto o pulsar de
gerações, a transitoriedade da existência e a poderosa influência – poderosa e
tremendamente responsável – perante a trajectória de uma família, de um povo,
de um país.
“Homem
algum é uma ilha” e, se alguma vez nos sentimos como tal, então corrijamos a
interpretação: todos nós somos um incomensurável arquipélago, não de rochedos meramente
habitáveis, mas de seres vivos, em crescimento evolutivo, obrigados a alimentarem-se
dos nutrientes que nós, adultos ou idosos, lhes pomos na mesa do amanhã: os
valores que sustentam a vida e a alegria de viver num estaleiro sempre em
construção, que é o mundo que nos coube nesta encruzilhada da história.
O
futuro (o das crianças) há-de um dia pedir-nos contas do presente (que somos
nós)!
03.Jun.21
Martins Júnior
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