quinta-feira, 3 de junho de 2021

DIAS ÍMPARES DE JUNHO PORQUE TODOS SÃO DIAS DA CRIANÇA

                                                                         


 

1-3-5: Três marcos luminosos colocados no mês que assinala o coração ao meio de um ano inteiro! Ímpares e luminosos, trazem na fronte o signo do futuro: a Criança. No dia 1, a oficial homenagem mundial ao “Pequenino-Grande Ser”. No dia 3, a festa mimosa das 19 crianças que pegaram mais de perto os valores da Eucaristia, a “Boa Graça” de cada dia. E o dia 5, também de frescura infantil, porque sempre se há-de constatar e dizer que o Ambiente é uma Criança.

Antes que o dia esmoreça, permitam-me deixar aqui a expressão de quem num simples olhar se lhe depara a leitura toda a geografia humana de uma determinada região, de um país, quiçá de toda a história. É um despretensioso desabafo o que hoje transmito, para justificar o enunciado que acabo de escrever.

Tão simples quanto isto: sempre que, nas minhas funções pastorais, presido ao Baptismo ou Primeira Eucaristia de uma criança, ao olhar o protagonista do acto sacramental – o neófito ou o neo-comungante – transcendo o tempo e vejo-os já com a estatura e compleição dos pais que os trazem ao templo. E, como que num exercício de antecipação quase-profética, interpreto aquele momento circunstancial como um cântico de parabéns pelo futuro anunciado daquela criança.

Pois bem (e continuo nesta transparência de estado de alma) hoje eclodiu em pleno silêncio de emoções indescritíveis a confirmação daquela visão de outrora. Diante de mim, uma criança, várias crianças aguardando a Primeira Eucaristia. A seu lado, os pais. Quem são os pais? – pergunto-me a mim próprio. E a memória selectiva responde-me: “Eles são aquelas crianças que há vinte ou trinta anos estavam sentadas nos mesmos bancos aguardando diante de ti a recepção da Primeira Eucaristia”.

É nesse momento, a todos os títulos intensamente histórico, que sinto o pulsar de gerações, a transitoriedade da existência e a poderosa influência – poderosa e tremendamente responsável – perante a trajectória de uma família, de um povo, de um país. 

“Homem algum é uma ilha” e, se alguma vez nos sentimos como tal, então corrijamos a interpretação: todos nós somos um incomensurável arquipélago, não de rochedos meramente habitáveis, mas de seres vivos, em crescimento evolutivo, obrigados a alimentarem-se dos nutrientes que nós, adultos ou idosos, lhes pomos na mesa do amanhã: os valores que sustentam a vida e a alegria de viver num estaleiro sempre em construção, que é o mundo que nos coube nesta encruzilhada da história.

O futuro (o das crianças) há-de um dia pedir-nos contas do presente (que somos nós)!

03.Jun.21

Martins Júnior

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