Andamos
nós - e anda todo o mundo – tremendamente apavorados com as cenas de terror que
nos chegam da África do Sul, de Venezuela, de Cuba. E poucos de nós, talvez, saibamos que em 1975
a Madeira e Porto Santo viviam em cima de paiol de fogo que não deixava ninguém
dormir descansado. Abria a manhã e logo éramos ‘metralhados’ por mais um carro
incendiado, uma casa destruída, um atentado perpetrado naquela noite.
Uma diferença, porém, separa os dois
cenários de guerra: lá por fora, o povo revolta-se contra os regimes
totalitários, castradores do legítimo direito à liberdade. Na Madeira de 1975,
o terrorismo organizado pelos corifeus locais da ditadura salazarista tinham
como alvo destruir o “Cravo da Liberdade” restituído aos portugueses ilhéus
pelo “25 de Abril de 1974”.
Anda está por fazer a história desse
período sangrento aqui no Arquipélago/Região. Há muito enigma por decifrar, há
criminosos braçais e boçais escondidos na sombra das noites longas. Um dia há-de
chegar a hora de “Nuremberg”, como
chegou para o regime nazi, e então tudo ficará aberto como um manual do mais
sofisticado terror urbano. O madeirense do século XXI e seus vindouros têm o
direito de saber como nasceu a Autonomia, esta em que vivemos.
Por tratar-se de um testemunho de quem viveu
e sofreu o terrorismo das “botas cardadas” (assim se orgulhavam os estrategas bombistas),
vou enunciar apenas alguns tópicos suficientemente elucidativos:
1º
- O arsenal anti-25 de Abril funcionava nos subterrâneos da noite. O seu
programa era exclusivamente nocturno, destruidor cego e surdo como a escuridão..
Os estrategas ficavam sempre na rectaguarda, escudados em “boa guarda”. Então,
captavam jovens a quem incumbiam duas tarefas operacionais: uma, a de pintar
paredes públicas e privadas com a bandeira da independência, acompanhada com
palavras de ordem separatistas (“Portugal Fora”, “Rua com os portugueses”, “Morte
ao 25 de Abril”). A outra tarefa, essa ignominiosa e criminosa, a de colocar os
explosivos nas viaturas e nas residências dos previamente visados, cidadãos promotores
dos valores democráticos de Abril. Uma vez caíu-lhes a maldição e foi no Porto
Santo quando a bomba explodiu nas mãos do jovem portador antes de chegar ao
objectivo.
2º - Casos houve de desespero fatal,
como o de um outro operacional que, após pena de prisão decretada pelo tribunal
judicial, suicidou-se na própria cela da cadeia.
3º
- Em Julho de 1976, um pacote de 12 Kilos de trotil, armadilhado com explosor
eléctrico, foi colocado sob a antiga
Ponte do Seixo, de Água de Pena, para rebentar quando passasse uma determinada
camioneta, completamente cheia de gente. Só não rebentou – viemos a saber mais
tarde - porque um miúdo de 8 anos, a caminho da escola, (eram 8 da manhã) puxou
por curiosidade os fios que accionavam o detonador. Não fora essa coincidência,
não estaria eu aqui a prestar este testemunho.
4º
- A prova indesmentível do abuso de menores, para o efeito descrito acima em 1º,
- vergonhosa pedofilia política – está nas declarações prestadas publicamente
há bem poucos dias por um dos tais estrategas nocturnos, dizendo que foi ele “que
andou nessa noite a pintar determinadas paredes com as já citadas mensagens
separatistas, acompanhando e dirigindo “miúdos de 11, 13 e 14 anos”. Ele
próprio o disse.
5º
- Um dos jovens ‘mobilizados’ afirmou diante de centenas de pessoas no Largo do
Município, em Machico: “Mandaram-nos pintar, porque as pinturas são o anúncio
das bombas que vêm a seguir”.
6º
- Se alguém tem dúvidas sobre o
colaboracionismo do terrorismo urbano para esta (deles) autonomia, pode
consultar o “Diário da Assembleia Regional” e lá há-de encontrar a ameaça
repetida de “voltar às botas cardadas”…
7º
- E para que não subsistissem equívocos sobre tão despudorado colaboracionismo,
aí está a bandeira da Região, colorida e decalcada da bandeira do movimento
terrorista que abalou o Arquipélago no lustro subsequente ao “25 de Abril de
1974”.
Não
fica por aqui a saga dessa (deles) autonomia. Compete-nos, sobremaneira, conhecer
o chão que pisamos, afim de promovermos a verdadeira AUTONOMIA da nossa terra e
das nossas gentes!
13.Jul.21
Martins Júnior
boa noite.... Maravilhosa explanação.....Poderia nos dizer qual seria uma autonomia decente ou se era, ou é, tudo trabalho perdido..... Não era isso o que preconizava no jornal "avante" no seminário....kkkkk
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