De
onde viemos e para onde iremos – as duas grandes incógnitas que, em todo o
percurso humano, abalam e mobilizem toda
a nossa actividade. Talvez essa a razão que tem suscitado a atenção de muitos
daqueles que acompanham este blog, chegando-me
aos ouvidos este desabafo, vindo de perto e de longe: “Eu não sabia nada disso,
obrigado pelo teu testemunho”. E eu respondo que “ainda há muito que contar”.
A
nossa (deles) autonomia não podemos ignorar, sobretudo porque nas veias e nos
feitos dos ditos ‘autonomistas’ oficiais de hoje ainda correm o sangue e a pólvora dos
auto-arvorados bombistas de ontem.
Trago
apenas mais dois episódios constitutivos desta autonomia, qual deles o mais
arrepiante:
1ª
– A bomba que destruiu um avião militar estacionado no aeroporto da Madeira. Destacado
na ilha, para qualquer emergência na Madeira e Porto Santo, era sua missão
súbita acudir ao primeiro alarme. No entanto, chegava a manhã e toda multidão viu
’o incrível’: alguém durante a noite tinha destruído à-bomba a face frontal do avião
da Força Aérea Portuguesa. Quem o destruiu?... Não se soube até hoje quem pôs o
explosivo. O que se sabe e o que se viu – ironia do destino - foi a mesma
aeronave exposta à beira de uma estrada de Água de Pena durante anos. Mais uma vez, o bombismo ao serviço dos
auto-proclamados propagandistas da pseudo-autonomia.
Foi
neste braseiro que nasceu e cresceu a autonomia, caldeada a ferro-e-fogo. Até
na placa intocável do nosso aeroporto! Era este o clima de terror e violência
em que viviam os madeirenses há quarenta e sete anos, pós-25 de Abril. Mas não
ficavam por aqui os explosivos da violência. Era preciso passá-los às ‘vias de
facto’ para as mãos das massas populares. E foi assim:
2º
- “Quando chegarem aqui certos indivíduos
que vocês sabem quem são, para fazer comícios, não chamem a polícia, não chamem o senhor presidente da câmara.
Resolvam o caso pelas vossas próprias mãos”!
Eis
a palavra de ordem pata todo o Arquipélago,
desde o palco de Câmara de Lobos pelo, mais uma vez, auto-proclamado progenitor da autonomia, protegido do
regime salazarista. Ao falar dos tais “indivíduos” referia-se a ouros partidos
intervenientes no processo eleitora daquele ano.
Tudo
se abafava sob os cobertores da autonomia (deles). Os jornais silenciavam. Por
mais duro que pareça, repercutia-se aqui o anátema do fascismo salazarento: “Para
ler-se noticiário da Madeira, tinha de procurar-se nos jornais do continente”!
A
ameaça, o terror, a insegurança de pessoas e bens marcaram esta autonomia. O
pior é que a herança ficou. E como madeirense, eu não sustentarei nunca que
usem do meu, do nosso nome, para se arvorarem
em corifeus da autonomia aqueles que não deixam ao Povo um palmo de personalidade
para afirmar o direito à sua cidadania plena, a autêntica cidadania autonómica.
Muito
mais há que contar!
15.Jul.21
Martins Júnior
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