domingo, 25 de julho de 2021

DISTRIBUIDORES DO PÃO GLOBAL!

                                                                                


- Dou graças ao Pai, porque vos deu força e coragem para me seguirdes durante três dias ininterruptos… Gente boa e generosa que vós sois… Em verdade vos digo: já tendes o céu garantido… E agora elevai as vossas mãos, cantai comigo, se a voz vos der, e parti para as vossas casas, esfomeados mas abençoados por Deus Todo-Poderoso. E se algum de vós sucumbir na viagem la estarão os anjos, serafins e querubins à sua espera nas portas do Paraíso..

Este é o relato de um eventual Evangelho apócrifo, que faz a delícia de muitos devotos, cristãos piedosos, confessores, reverendos eclesiásticos, desde o sacrista ao pontífice.

Mas assim não fez Jesus. Pelo contrário, declarou perentoriamente:

- Tenho pena desta gente que me segue há três dias. Não posso deixá-los assim. Se os mando para casa, correm o risco de morrer de exaustão pelo caminho. E tu, Filipe, e vós, discípulos meus, ordeno-vos terminantemente: dai-lhes de comer, distribuí esses cinco pães e dois peixes por todos, até ficarem satisfeitos. E, depois,  recolhei os pedaços que sobrarem, para que nada seja desperdiçado”.

Esta narrativa, contada por João, capítulo VI, já não agrada tanto aos devotos supra-mencionados. Até criticam: “O que é que Jesus tem a ver com a fome daquelas cinco mil pessoas?... E que obrigação tem de lhes dar pão?... O que Jesus tem a fazer é ensinar a rezar, fazer sacrifícios e receber ofertas”.

Mantendo o compromisso hebdomadário de consultar o LIVRO, respiguei o presente episódio, sem mais comentários, além de Paulo aos Coríntios: “O que sobra na vossa mesa é o que falta na mesa de outros. É preciso que haja igualdade entre todos, e é o que dita a Escritura Sagrada”. E o Papa Francisco: “Há quem não queira sujar as mãos  com a pobreza alheia. Mas é necessário, imperativo”.

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Distribuidores do pão – eis a tarefa de todo o ser humano, ao longo da história. À cidade e à aldeia, ao domicílio e à pessoa singular. Há-os, aos milhares, distribuidores do pão, na maioria gente anónima e, em minoria, “aqueles que da lei da morte se vão libertando”. E são tantas as espécies do pão, - material, pedagógico, espiritual - pão holístico que mata as, também diversas, fomes que pululam pelo mundo.

  Com o pundonor e a contenção que a hora exige, trago hoje dois exemplares púbicos, ícones imarcescíveis de distribuidores daquele Pão que nos sustenta como Povo e que tantas vezes  subestimamos:

Do Pão da Solidariedade Insular –  Professor Virgílio Pereira!

Do Pão da Liberdade Nacional – Otelo Saraiva de Carvalho!

 

25.Jul.21

Martins Júnior

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