Entre
sábado e domingo, o pêndulo da consciência leva-me irresistivelmente ao LIVRO
que, umas vezes é almofada repousante, outras chão de brasas que me põe o
cérebro em chama incandescente. Em todas as vezes, porém, o LIVRO é rochedo
firme de onde extraio lajes de basalto seguro para a pirâmide do meu pensamento
e da minha mundividência.
É
o caso. Para a apresentação sintética da minha ‘tese’, recorro ao Guia e Mestre
Prof. Anselmo Borges, no seu artigo semanal de 7.VIII.21, intitulado “O Cristo
Pensador”:
“Em geral, nas igrejas,
faz-se pouco apelo à razão, à reflexão crítica, à pergunta. Como se a fé não
tivesse de conviver com a inteligência, com a dúvida e com a pergunta”.
É
nesta estação que me situo hoje, nesta navegação à vista sobre um dos mais
axiomáticos temas da crença católica, a Eucaristia, as espécies sensíveis do Pão
e do Vinho, enfim, a doutrina e o dogma da Presença Real do Corpo e Sangue de
Jesus. Tudo, afinal, que se repete nas típicas “Festas do Senhor” da Madeira. Discorro
sobre o texto/contexto do Livro, espartilhando-o em quatro eixos distintos mas
intrinsecamente conexos.
1º
- A tradição judaica destaca, em diferentes circunstâncias, o Pão e o Vinho
como dádivas simbólicas e qualificadas, oferecidas ao Deus Ihaveh.
2º
- O Nazareno, aquando da multiplicação dos pães e dos peixes, disse à multidão
que procurasse um outro Pão, que não se deteriorasse nem se esgotasse no
dia-a-dia. Mais: Ele apresentou-se como exemplar perfeito desse Pão e prometeu
dar o Seu Corpo como Pão e o Seu Sangue como Vinho. “Esse Pão é a minha própria Carne, dá-la-ei para que o mundo tenha Vida.
Quem come a Minha Carne tem em si a Vida Eterna”.
3º
- Foi enorme a polémica que esta
afirmação desencadeou entre os Doze e, sobretudo, entre os milhares de judeus
que ali estavam.. “São insuportáveis estas palavras”, De boca em boca corriam
velozes, provocando acesa discussão e, inclusive, um exasperado voltar de
costas de muitos simpatizantes.
4º
- Debates e mais debates, de viva voz, réplicas e tréplicas, deserções e mais
deserções, até que, na conclusão do discurso, o Autor não retira uma vírgula ao que dissera,
mas abre uma luz ao fim do túnel da dúvida:
“O
Espírito é que dá Vida. A Carne não serve de nada. As minhas palavras são Espírito
e Vida”.
Porque
o tema é candente e levar-nos-á longe, fico-me por aqui, soliloquiando
persistentemente: “Não teremos nós empolado demais a Carne, enclausurando-a e
sobredourando-a com raios flamejantes e jóias primorosas, em detrimento do
Espírito que dá Vida?... “Só Ele tem palavras de Vida Eterna”!
Da
minha parte, na interpretação directa, quase resposta, inserida em João,
capítulo VI, 60-70, vejo nitidamente a definição supra-transcrita: “Cristo, o
Pensador”! Sigamo-lO até às últimas consequências. Sem traumas nem
preconceitos.
21.Ago.21
Martins Júnior
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