Em
apenas três patamares – qual deles o maior – batem-nos a porta e invadem-nos a
casa toda os estafetas da inquietação perante o labirinto de contrastes que é o
planeta que habitamos, seja na macrocefalia das grandes potências, seja nos
estreitos caminhos da nossa aldeia. Trago-os hoje, em formato mini, como pontos de partida para análise do ‘aqui e
agora’ da nossa história comum.
Primeiro –
A Assembleia Geral das Nações Unidas, onde dois portugueses, António Guterres e
Marcelo Rebelo de Sousa, juraram
solenemente o primado da Unidade para garantir a segurança entre países em todo
o mundo. Por seu lado, Joe Biden asseverou que jamais repetiria o fantasma da
Guerra Fria. E, paradoxalmente, no mesmo areópago mundial, as provocações
climático-sanitárias de Bolsonaro e os rancores abafados de um Erdogan face ao
êxodo afegão. Que trama de “Amor em Tempo de Cólera” escreveria hoje Gabriel
Garcia Marques?
Segundo –
A Campanha Eleitoral que ora decorre, com arremetidas de mau gosto e pior senso,
com “facadas nas costas”, calúnias e insultos de toda a espécie, somadas aos
esqueletos eriçados que saem do velho armário da tribo para fazer ridiculamente
prova de uma vida, que já não têm. Como
falar de Paz na arena onde se defrontam setas desvairadas, promessas
desbragadas e requintados vapores de vingança chinesa dentro da mesma casa política
onde moram os próprios correligionários?!
Terceiro –
A cereja em cima do bolo do centenário natalício de António Aragão traz ao de
cima e em alto relevo a personalidade contestatária do genial madeirense,
anti-sistema e antifascista.. Embora avesso a estas encomiásticas manifestações,
como bem afirmou Nélson Viríssimo, o seu legado impõe-se de forma imorredoira
na historiografia insular e nacional, até estrangeira. No entanto, foi o
escritor Rui Zink quem formulou e glosou este contraste,
perguntando com espanto e ironia: “António Aragão na semana das eleições?”.
Sejam
quais forem as pelejas, as raivas e lavas à nossa volta, será sempre possível
lutar sem ódio e amar sem guerra! Depende de cada um e de todos nós!
21.Set.21
Martins Júnior
Sem comentários:
Enviar um comentário