O Parlamento (ou a falta dele) enxameia as
redes comunicacionais públicas, semi-públicas, oficiais e privadas, com as
dissonâncias, as pausas retóricas, as traições e as cacofonias do protocolo.
Enquanto isso, prefiro outro anfiteatro onde brilha o talento e exala a brisa
suave que abraça corpos e almas e paisagens da nossa Ilha.
No Parlamento musical em que se transformou o nobre hemiciclo do Teatro Municipal Baltazar Dias, perpassaram harmonias inspiradoras, fruto de trabalho intenso, mas reconfortante, de todos quantos participaram no 6º Festival Internacional de Bandolins da Madeira, uma iniciativa a todos os títulos assinalável, levada a efeito pela Associação de Bandolins da Madeira.
Confirmo: “a todos os títulos assinalável”.
Desde logo pela abrangência territorial e
diversificada dos seus componentes: tanto os da faixa urbana (Orquestra de
Bandolins do CEPAM, Sexteto ‘Eurico Martins’, Madeira Mandolin Orchestra), como
os das zonas suburbanas (Orquestra de Bandolins da Camacha, Tuna de Câmara de
Machico sediada na Ribeira Seca) e ainda a prestimosa representação do meio
rural, como o da TunaCedros da Casa do Povo de São Roque do Faial. O que há de
mais eloquente neste evento é precisamente a simbiose entre o campo e a cidade,
colocando no pódio do nosso Areópago Cultural gente nossa, artistas autóctones.
filhos e construtores desta jangada verde no meio do Atlântico, a Madeira,
diferentemente de instituições que apenas funcionam como agências de
contratação exterior. Bem haja, por isso, a Organização.
Mas, agregada à versatilidade do território,
está a policromia dos executantes, desde crianças luminosas dedilhando o Hino
da Alegria, jovens sonhando com a Serenata nº13 (Eine Kleine Nachtmusic) de
Mozart e os mais adultos evocando marchas e vilancetes populares da tradição
regional. Nunca serão demais o apreço e o merecido louvor a toda esta população
melómana, cujas mãos conjugam o trabalho diário com a “arte dos deuses”,
investindo considerável parte do seu tempo no enriquecimento do espírito.
O que nem sempre é apreensível num primeiro
olhar é o culto da solidariedade e do companheirismo saudável, caminho seguro
para uma verdadeira socialização, que estes grupos constroem no dia-a-dia, bem
como a educação para o rigor interdisciplinar, no manuseio e interpretação. das
partituras.
Simplesmente memorável o documentário que tomei
para título desta evocação: “Jardins, Bandolins e Outros Abraços”, de Cristina
Vieira e Nuno Filipe Duarte Andrade! Surpreendente, cósmico, belíssimo!
A Organização brindou o público com dois
agrupamentos exemplares: o da Venezuela, “Sandoval 4 Tet.” e a delirante música
sul-americana e o incomparável, insuperável “Edu Miranda Trio”, uma
interpretação ‘superstar’ que jamais sairá do nosso subconsciente.
Todo este monumento - Encontro/Festival de
Tunas da Madeira e o quanto lhe está associado – seria impossível sem o esforço
ingente, generoso e entrega inteira da dupla “Norberto Cruz e Lediane”, que
confluem como dois braços do mesmo rio para nos fazer mergulhar neste oceano de
beleza, fruição e amor!
A “Tuna de Câmara de Machico –TCM” (infantis e juvenis) agradece-lhes cordialmente
ter-nos chamado e franqueado a entrada
para tão simpática participação.
27.Out.21
Martins Júnior
Suas palavras sempre nos trazendo luz padre Martins. Que benção podermos partilhar essa vida consigo. Um abraço e um beijo no seu coração e de toda os participantes da Tuna de Câmara de Machico.
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