quarta-feira, 27 de outubro de 2021

“JARDINS, BANDOLINS E OUTROS ABRAÇOS”

                                                                      


O Parlamento (ou a falta dele) enxameia as redes comunicacionais públicas, semi-públicas, oficiais e privadas, com as dissonâncias, as pausas retóricas, as traições e as cacofonias do protocolo. Enquanto isso, prefiro outro anfiteatro onde brilha o talento e exala a brisa suave que abraça corpos e almas e paisagens da nossa Ilha.

         No Parlamento musical em que se transformou o nobre hemiciclo do Teatro Municipal Baltazar Dias, perpassaram harmonias inspiradoras, fruto de trabalho intenso, mas reconfortante, de todos quantos participaram no 6º Festival Internacional de Bandolins da Madeira, uma iniciativa a todos os títulos assinalável, levada a efeito pela Associação de Bandolins da Madeira.

Confirmo: “a todos os títulos assinalável”.

Desde logo pela abrangência territorial e diversificada dos seus componentes: tanto os da faixa urbana (Orquestra de Bandolins do CEPAM, Sexteto ‘Eurico Martins’, Madeira Mandolin Orchestra), como os das zonas suburbanas (Orquestra de Bandolins da Camacha, Tuna de Câmara de Machico sediada na Ribeira Seca) e ainda a prestimosa representação do meio rural, como o da TunaCedros da Casa do Povo de São Roque do Faial. O que há de mais eloquente neste evento é precisamente a simbiose entre o campo e a cidade, colocando no pódio do nosso Areópago Cultural gente nossa, artistas autóctones. filhos e construtores desta jangada verde no meio do Atlântico, a Madeira, diferentemente de instituições que apenas funcionam como agências de contratação exterior. Bem haja, por isso, a Organização.

                                                        


Mas, agregada à versatilidade do território, está a policromia dos executantes, desde crianças luminosas dedilhando o Hino da Alegria, jovens sonhando com a  Serenata nº13 (Eine Kleine Nachtmusic) de Mozart e os mais adultos evocando marchas e vilancetes populares da tradição regional. Nunca serão demais o apreço e o merecido louvor a toda esta população melómana, cujas mãos conjugam o trabalho diário com a “arte dos deuses”, investindo considerável parte do seu tempo no enriquecimento do espírito.

O que nem sempre é apreensível num primeiro olhar é o culto da solidariedade e do companheirismo saudável, caminho seguro para uma verdadeira socialização, que estes grupos constroem no dia-a-dia, bem como a educação para o rigor interdisciplinar, no manuseio e interpretação. das partituras.

Simplesmente memorável o documentário que tomei para título desta evocação: “Jardins, Bandolins e Outros Abraços”, de Cristina Vieira e Nuno Filipe Duarte Andrade! Surpreendente, cósmico, belíssimo!

A Organização brindou o público com dois agrupamentos exemplares: o da Venezuela, “Sandoval 4 Tet.” e a delirante música sul-americana e o incomparável, insuperável “Edu Miranda Trio”, uma interpretação ‘superstar’ que jamais sairá do nosso subconsciente.

Todo este monumento - Encontro/Festival de Tunas da Madeira e o quanto lhe está associado – seria impossível sem o esforço ingente, generoso e entrega inteira da dupla “Norberto Cruz e Lediane”, que confluem como dois braços do mesmo rio para nos fazer mergulhar neste oceano de beleza, fruição e amor!

A “Tuna de Câmara de Machico –TCM”  (infantis e juvenis) agradece-lhes cordialmente ter-nos chamado e franqueado  a entrada para tão simpática participação.

 

27.Out.21

Martins Júnior

 

 

1 comentário:

  1. Suas palavras sempre nos trazendo luz padre Martins. Que benção podermos partilhar essa vida consigo. Um abraço e um beijo no seu coração e de toda os participantes da Tuna de Câmara de Machico.

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