segunda-feira, 29 de novembro de 2021

ALFA E ÓMEGA – ou VERSO E REVERSO... no 248º aniversário de Francisco Álvares de Nóbrega

 

                                         


“De que serviu regares com o teu sangue

As urzes do calvário”… 

Antero de Quental

 

 

Não há mais caminho de andar

não há mais mar de descobrir

do teu rosto sequer a sombra fria

 

Já gretam do salitre da baía

estes pés cansados de te não achar

naqueles carreiros que pisaste quando foram teus

 

Esquartejei os ventos quatro e muitos mais

verrumei rochedos catacumbas sepulcrais

 e nem nos mais ignotos sete palmos de terra

deixaram teu caixão

 

De que te serviu, meu ‘capitão de mar e guerra’

deixar-te apodrecer nos antros da Inquisição

mordido pelas unhas bicudas

das mitras iguais às do tridente de Judas?…

 

De tudo te despiram

de tudo te esventraram

e de tudo o que foi míngua de corpo

sacrilegamente te trespassaram

 

…. Só ficou o que as mãos-peçonha

nunca lhe podem chegar

Ficou tudo o que a alma sonha

ficou o inatingível genoma

do teu espírito

que paira sobre as águas e leveda toda a terra

 

E sempre que aqui no extremo Levante

da ilha

um povo cante, avance e se agigante

é o teu soneto que brilha

e é o teu espírito que trilha

veredas outras genomas teus

rotas vindouras de um Novo Dia

a tua Herança e a nossa Utopia

 

29-30.Nov. 21

Martins Júnior

 

 

 

 

 

 

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