“De
que serviu regares com o teu sangue
As
urzes do calvário”…
Antero de Quental
Não há mais caminho de andar
não há mais mar de descobrir
do teu rosto sequer a sombra fria
Já gretam do salitre da baía
estes pés cansados de te não achar
naqueles carreiros que pisaste quando
foram teus
Esquartejei os ventos quatro e muitos
mais
verrumei rochedos catacumbas sepulcrais
e
nem nos mais ignotos sete palmos de terra
deixaram teu caixão
De que te serviu, meu ‘capitão de mar e
guerra’
deixar-te apodrecer nos antros da
Inquisição
mordido pelas unhas bicudas
das mitras iguais às do tridente de
Judas?…
De tudo te despiram
de tudo te esventraram
e de tudo o que foi míngua de corpo
sacrilegamente te trespassaram
…. Só ficou o que as mãos-peçonha
nunca lhe podem chegar
Ficou tudo o que a alma sonha
ficou o inatingível genoma
do teu espírito
que paira sobre as águas e leveda toda
a terra
E sempre que aqui no extremo Levante
da ilha
um povo cante, avance e se agigante
é o teu soneto que brilha
e é o teu espírito que trilha
veredas outras genomas teus
rotas vindouras de um Novo Dia
a tua Herança e a nossa Utopia
29-30.Nov. 21
Martins Júnior
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