Olha
que tantas… quantas se juntaram à esquina deste sábado, véspera do Primeiro
Domingo do Advento! Parece que o diâmetro da roda dentada rapidamente se inverteu
e tudo revolveu no turbilhão de todos os adventos, não apenas o de teor
pré-natalício, mas os de todas as variantes, desde a anunciada até à mais imprevisível.
O
que mais nos antolha, incomoda e faz tremer nesta altura é esse bicéfalo
advento afro-helénico, por dentro vírus sul-africano e por fora veste grega, um
híbrido ómicron, que forçou as
muralhas da velha Europa e quer fazer cama no nosso quarto de dormir. Malfadado
advento!
Não
menos pisados e desafiantes são os adventos migratórios que pairam e afundam no
Canal da Mancha, nas fronteiras euro-austrais entre Polónia e Bielorrússia, de
tenebrosas ameaças bélicas à beira do berço da Paz que uma Criança veio trazer
ao mundo!
Advento
de lutas por melhores salários, melhor saúde, melhor educação, a que se aliam
fantasmas de retaliações e confinamentos no horizonte! Sem esquecer a entrada
em cena – outros adventos – de
fratricidas refregas intra-partidárias, desde Lisboa do Caldas até às cabanas
de Viriato em Viseu e no Porto! A torrente adventícia salta os estádios, os
estados, as máquinas de fazer e ‘desfazer’ dinheiro!
Olha
que novelos de entropias se metem connosco, sem licença nem vacina nem teste,
logo numa época e num terreno indefesos!
Enquanto
isso, as antífonas com que nós, os crentes no Advento promissor, embalamos
Dezembro frio e embrulhamos presentes móveis, essas vão transportando as
franjas das messiânicas sinagogas judaicas, implorando ao Sacro Jehovah: “Derramai, Senhor, a Vossa Justiça sobre a terra. Núvens, fazei chover o Justo,
fazei brilhar o Sol da Justiça”.
Mas
ele não vem nem há chuvas que o deitem cá para baixo. Porque ele não está nas
nuvens! Ele, o Justo, o combatente pela Justiça, já está cá. Em cada um de nós.
Basta que, para isso, talhemos o nosso Advento.
Daí,
a grande questão:
Que
advento queremos nós? O do morno charco auto-pandémico, da ‘áurea mediocridade’,
sem chama nem brilho? Ou o prenúncio de uma ideia motriz em gestação, um tombo
na cómoda moleza em que vegetamos, envoltos nos lençóis do fino omicron
que nos consome corpo e alma?!
Cada
qual terá o Natal igual ao Advento que escolheu, do tamanho da ideia que gerou.
Por
isso, com José Mário Branco, ouso interpelar:
“Qual
é a tua, ó meu”?
27. Nov.21
Martins Júnior
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