segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

FILHAS DE UM PAI INCÓGNITO ?!...

                                                                               


Quem diria que para substituir os espectáculos cancelados pela pandemia em redor da ilha, apressou-se a Casa Magna das Leis em abrir a ribalta e proporcionar aos madeirenses um teatrinho de revista ilhéu, protagonizado pelos detentores de ‘uma-unha-negra’ do poder regional e que dá pelo pomposo nome de Debate do Plano e Orçamento.

Quem por lá andou durante décadas não pode ficar indiferente ao nauseabundo tapete betuminoso em que a maioria de ‘uma-unha-negra’ transformou as delicadas poltronas dos seus deputados. Escuso-me a quaisquer comentários sobre o caso. Apenas quero protestar (e lamento não conseguir conter-me como mero espectador) contra o desplante cadavérico de um governo que, tendo sido condenado em tribunal a entregar aos municípios os milhões que tem retidos, reage como um incapaz desmemoriado. Falo do governo, porque os secretários são impotentes marionetes nos dedos desregulados do chefe.

Refiro-me a uma questão pertinente que o Deputado Alberto Olim formulou, com a exacta dignidade parlamentar, ao Secretário das Finanças: “V.Ex., como pessoa de bem, quando é que pensa cumprir a sentença do Tribunal Administrativo que mandou entregar aos municípios as verbas resultantes do ‘Iva’, referentes a 2009 e 2010?”.

  Por mais incrível que pareça, o novel Secretário (outro falsete mas a mesma batuta do anterior) não responde, emite fonemas saídos de um estranho ‘robot’: “Isso não é com este governo. É com o governo da República. Quem tem a tutela das autarquias é o Governo da República”.

Mas quem tem os 9 milhões é o Senhor! Entregue o que não é seu, restitua-o aos munícipes, porque  eles é que são o dono do dinheiro que o Senhor tem empancado nos cofres da Quinta Vigia!

A verba é diminuta em numerários, mas a fraude substantiva é enorme. Esse dinheiro foram os contribuintes que descontaram para os municípios e o governo é que o açambarcou e continua com ele, há 11 anos!. Quem pode suportar um tão afrontoso atentado ao bolso de cada madeirense residente no respectivo concelho? Esse dinheiro clama e os secretários e seus corifeus não podem dormir descansados enquanto não devolverem o seu a seu dono. O poder judicial já se pronunciou. Que mais esperam? Recursos?… Já chega de ‘Rendeiros’…

Também tenho o direito – mais que o direito, tenho o dever – de reclamar o que a todos pertence e é retido por um possuidor de má-fé, infiel depositário dos dinheiros públicos.

Perante respostas daquelas (mais que alarves, cínicas, pastosas) nem dá para perder mais tempo a seguir esse labirinto de falácias que a maioria de “uma-unha-negra” está a fazer do Debate sobre o Plano e Orçamento para 2022. Mísera paternidade política insular que faz das suas próprias autarquias “filhas de um pai incógnito”, desnaturado, fossilizado, incapaz!

       Autarcas madeirenses, despertai! Seja qual  a cor política, uni-vos, levantai mais alto a bandeira e a dignidade do Poder Local. Basta de humilhações e usurpações! O voto que vos escolheu é igual ao que escolheu o Governo Regional, o Primeiro Ministro, o Presidente da República!

 

13,Dez.21

Martins Júnior

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